Youtuber é acusado de difamação após gravar aulas de professora na UnB

Influenciador publicou vídeos dos diálogos ocorridos em sala de aula na plataforma de vídeos, onde possui mais de 600 mil seguidores

O youtuber Wilker Leão de Sá, que se tornou conhecido após se envolver em uma polêmica com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao chamá-lo de “tchutchuca do centrão”, foi denunciado por uma professora da Universidade de Brasília (UnB).

A docente registrou um boletim de ocorrência, alegando que foi difamada pelo influenciador, que publicou nas redes sociais diálogos ocorridos em sala de aula. Ela afirmou que Wilker gravava as aulas e divulgava trechos fora de contexto e tendenciosos, sem a devida autorização. A professora também relatou que seus filhos menores de idade acabaram se deparando com os vídeos e os diversos comentários de ódio associados a eles. Adicionalmente, as aulas foram suspensas.

Segundo a professora, as publicações causaram prejuízos sociais e acadêmicos, além de ataques diretos à honra. Nos vídeos, os diálogos entre Wilker e a professora são exibidos, mas apenas o estudante aparece nas imagens. Em várias postagens, o youtuber referiu-se à docente como “militante” e “autoritária”. Wilker Leão, que é proprietário de um canal no YouTube com mais de 600 mil inscritos, defendeu-se ao afirmar que os questionamentos em sala de aula eram direcionados ao que ele considera uma “doutrinação de alunos para o pensamento marxista”. Para embasar a tese, ele se matriculou no curso de história da universidade federal e passou a registrar parte das aulas. O nome de Wilker aparece como um dos aprovados para o Campus Darcy Ribeiro, no edital de 22 de fevereiro.

Direito de imagem

Em um dos vídeos, postados por Wilker na plataforma de vídeos em 2 de agosto, o youtuber aparece em um diálogo com alunos e com a professora. A discussão tem como assunto o registro de imagem sem a permissão dos envolvidos. No entanto, Wilker argumenta que o espaço é público e que apenas ele aparece nas filmagens.

Além disso, ele negou ter feito qualquer ataque à honra da professora ou de outros alunos e alegou que as gravações não foram realizadas de forma oculta, defendendo que não é necessário obter o consentimento da docente para registrá-las. Wilker Leão também contestou as acusações de que estaria postando trechos descontextualizados, afirmando que os vídeos são publicados na íntegra no YouTube e que isso pode ser verificado por quem os assiste.

Quanto aos prejuízos sociais e acadêmicos alegados pela professora, Wilker sustentou que a suspensão das aulas foi uma decisão da docente, tomada em resposta aos vídeos, que, segundo ele, não teriam o poder de causar tal impacto negativo.

Por outro lado, a Universidade de Brasília contestou as alegações do youtuber, destacando que a gravação de aulas, professores e demais pessoas dentro da instituição, sem o consentimento expresso, é considerada uma prática inaceitável. Além disso, a UnB ressaltou que a conduta pode violar direitos fundamentais à privacidade, à propriedade intelectual e à liberdade de ensino, comprometendo o ambiente seguro e respeitoso que a universidade busca manter.

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

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