Violência sexual : as cicatrizes que denunciam o deputado

Vítimas da violência e abusos sexuais vão ao MPDFT e relatam o comportamento lascivo do deputado Donizet que carrega a alcunha de “Taradão” da CLDF

Por Mino Pedrosa

A campanha eleitoral de 2022 rumo à Câmara Legislativa do Distrito Federal ainda não acabou. O deputado distrital eleito com a plataforma de defesa dos animais Daniel Donizet, já na campanha, tirou a máscara e se mostrou indócil e com um perfil desrespeitoso e até criminoso contra as mulheres que a ajudavam na campanha e que com ele trabalhavam na defesa dos animais.

O caso escabroso de agressões covardes a uma acompanhante de luxo, que virou caso policial envolvendo funcionários da CLDF, desencadeou uma série de denúncias envolvendo o parlamentar Daniel Donizet revelando sua deformação de caráter.

O agravamento de sua situação está lastreado nos novos depoimentos colhidos pelo Ministério Público local em que outras vítimas denunciam comportamentos criminosos do distrital e de seu então assessor especial Marco Aurélio Oliveira que participou da orgia em um quarto de motel entre três casais no Núcleo Bandeirante, revelada pela TV Globo e pelo Fatos Online.

Lá, o assessor forçou o sexo sem preservativo com a acompanhante Bárbara Toledo e a agrediu fisicamente com socos e pontapés no rosto e nas costas. O agora exonerado braço direito de Donizet chegou a imobilizar a vítima com os braços para trás praticando o estupro. Tudo isso aconteceu no mesmo ambiente em que se encontrada o distrital Daniel Donizet, que bancava o conhecido “bacanal”.

Enquanto a vítima buscava ajuda, os demais presentes homens se embriagavam e alimentavam a orgia mesmo ouvindo o desesperado grito de socorro. Este pedido de socorro, porém, ultrapassou as quatros paredes do motel e chegou aos ouvidos do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

O escândalo foi apenas o estopim para que outras vítimas viessem a público revelar o comportamento criminoso e contumaz do parlamentar, inclusive, nas dependências da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

Os depoimentos revelam o lado podre e obscuro do distrital que se diz defensor dos animais irracionais, deixando escondido o lado sádico, cruel e promíscuo relevado em reportagens por este portal.

O Fatos Online teve acesso a uma farta documentação onde vítimas narram o distrital condicionando os empregos pagos com dinheiro público aos seus desejos sexuais.

 

Ao ser denunciado pela imprensa, que tornou público a má índole do parlamentar, uma ex-servidora de seu gabinete parlamentar esteve no MPDFT depondo por mais de três horas na quarta-feira (19), detalhe, o depoimento foi gravado e filmado.

Uma das vítimas dos criminosos comportamentos de Daniel Donizet e assessores disse ao Ministério Público local que foi “muitas vezes” assediada pelo representante popular e que o comportamento do dito “defensor dos animais” não é isolado e já fez outras vítimas.

Em um vídeo recebido com exclusividade pela reportagem, a vítima conta que decidiu procurar o Ministério Público após saber do caso envolvendo a acompanhante de luxo agredida no motel.

“Sou ex-servidora e trabalhei no grupo do deputado. Fui ao Ministério Público para dar meu depoimento sobre o assédio que eu sofria lá (no gabinete)”, contou a vítima.

Na gravação a vítima também relata que Daniel Donizet mantém uma chácara próximo à Ponte Alta, denominada por ele de “Recanto”, onde promove “festinhas” com assessores e outras vítimas.

“Ele sempre com o assessor Chicão me assediava, como há várias outras meninas que também foram assediadas por eles. Ele me chamava para sair, queria ficar comigo […] e eu fui mandado embora por não ceder à relação de transar com ele”, afirmou a ex-funcionária de Donizet.

VEJAS AS MATÉRIAS DO FATOS ONLINE SOBRE O CASO
CLDF: a orgia que se transformou em cena de crime
Crime sexual: as provas que podem levar à cassação de Daniel Donizet
Denúncia criminosa contra assessor de Daniel Donizet passou pelo MPDFT

Segundo a agredida, o distrital “vivia a chamando para sair”, a “abraçava” e a bulinava “passando a mão” na vítima durante os expedientes de trabalho. “Tive de fazer acompanhamento psiquiátrico. Tive muita crise de ansiedade e depressão”, contou.

Outros documentos obtidos pela reportagem revelam o comportamento de “um animal do cio”, como descrito em um dos depoimentos, do parlamentar que fez várias vítimas.

Neste relato colhido pela Promotora de Justiça Liz Elaínne Oliveira Mendes e obtido pelo Fatos Online, Fabrícia Dias revela que sua amiga Jéssica, que também é funcionária de Donizet, sofria “vários assédios sexuais do deputado Daniel” e que acredita que o distrital tenha “colocado alguma substância em sua bebida para manter relação sexual com ela”.

Após voltar à consciência, Jéssica se disse vítima de abuso sexual e contou à amiga que “o deputado Daniel não usou preservativo e que ela chegou a fazer exames com receio de ter contraído alguma doença sexualmente transmissível”.

Além de Jéssica, Fabrícia apontou outras duas mulheres que trabalham para Daniel Donizet que sofrem com as atitudes delinquentes do parlamentar eleito. O Ministério Público ainda colhe os demais depoimentos.

A reportagem também apurou que a primeira vítima revelada, Bárbara Toledo, foi localizada em São Paulo e já se predispôs a prestar depoimento em detalhes para o Ministério Público local. Um novo caso será apresentado ao MPDFT ainda nesta semana. Trata-se Beatriz, conhecida por Bia, uma trans que participou das “festinhas” ficando com o deputado. Bia chegou a ser humilhada e maltratada por Donizet, que usou o argumento que se tratava de uma pessoa do gênero masculino.

Em sua defesa, a amiga de nome Joice discutiu com o parlamentar, afirmando que ele não deveria tratar Bia de forma preconceituosa, mesmo porque, a todo momento, Daniel Donizet sabia que Bia era trans. A amiga foi além, e repreendeu o parlamentar dizendo que naquele momento, ele não era deputado e sim uma pessoa comum.

Confira o depoimento da vítima na íntegra;

 

Redação

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