Presidente dos EUA exige remoção da taxa de 50% sobre uísque americano e intensifica disputa comercial com o bloco europeu

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (13) que pretende impor uma tarifa de 200% sobre vinhos e outros produtos alcoólicos da União Europeia (UE), caso o bloco não retire sua tarifa de 50% sobre o uísque americano.

A declaração ocorre um dia após a Comissão Europeia informar que retaliará os EUA com novas tarifas sobre 26 bilhões de euros (US$ 28 bilhões) em produtos americanos, incluindo o próprio uísque. A medida intensifica a guerra comercial global iniciada pelo governo Trump, que já havia aplicado tarifas sobre aço e alumínio.

Apesar do impasse, a União Europeia afirmou que mantém disposição para negociações e considera que o aumento de tarifas não beneficia nenhuma das partes. Trump, no entanto, não sinalizou interesse em renegociar sua política tarifária e usou as redes sociais para criticar o bloco.

“A União Europeia, uma das autoridades tributárias e tarifárias mais hostis e abusivas do mundo, que foi formada com o único propósito de tirar vantagem dos Estados Unidos, acaba de colocar uma tarifa desagradável de 50% sobre o uísque”, escreveu ele na plataforma Truth Social. O presidente acrescentou que, caso a taxa não seja removida imediatamente, os EUA imporão uma tarifa de 200% sobre vinhos, champanhe e outros produtos alcoólicos vindos da França e de outros países do bloco.

A União Europeia exportou 4,9 bilhões de euros em vinhos para os EUA no último ano, o que representa 29% das exportações totais do setor no bloco, segundo a Eurostat. A França responde por quase metade desses envios, enquanto a Itália representa cerca de 40%.

O foco de Trump na política tarifária já gerou incertezas nos mercados e preocupações com uma possível recessão. Além de desgastar relações comerciais com a UE, o governo americano também entrou em conflito com o Canadá, aliado e grande parceiro econômico, ao ameaçar anexar o país.

A Comissão Europeia anunciou que suspenderá sua isenção tarifária sobre produtos dos EUA a partir de 1º de abril, com as novas taxas entrando em vigor completamente até 13 de abril. O plano inclui sobretaxas sobre diversos setores americanos, como aço, alumínio, têxteis, eletrodomésticos, plásticos, carne bovina, aves, ovos, laticínios, açúcar e vegetais.

As novas tarifas levaram a uma queda nos índices das bolsas de valores dos EUA e afetaram ações de fabricantes europeus de bebidas alcoólicas. Indústrias de bebidas e cosméticos da Europa alertaram que as medidas podem prejudicar significativamente o comércio do continente com os Estados Unidos.