Gladson Cameli é investigado por liderar organização criminosa ligada a fraudes em obras, mas não foi afastado do cargo, conforme decisão da Corte
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) realiza, nesta terça-feira (5), uma audiência com o governador do Acre, Gladson Cameli, investigado por suspeita de liderar um esquema fraudulento em obras no estado, que resultou em um prejuízo estimado em R$ 150 milhões.
Em maio, o STJ acatou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), tornando Cameli réu pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraude à licitação. Apesar das acusações, os ministros da Corte Especial decidiram não atender ao pedido da PGR para o afastamento do governador do cargo. Cameli teve seus bens bloqueados e foi proibido de manter contato com outros investigados.
A relatora do caso, ministra Nancy Andrighi, destacou em seu voto que os elementos coletados durante a investigação preliminar sugerem que Cameli integrou uma organização criminosa com o objetivo de perpetrar crimes relacionados a fraudes em licitações e corrupção. “Foi demonstrado que a organização agia de forma estruturada, com uma divisão formal de tarefas e a meta de obter vantagens indevidas através das fraudes”, afirmou a ministra, cuja análise foi aprovada por unanimidade.
As investigações da Polícia Federal (PF) indicam que o governador atuou como chefe da organização criminosa e principal beneficiário dos atos ilícitos. O voto da relatora menciona indícios de que Cameli selecionou, sem critérios técnicos, as empresas que receberiam pagamentos do Estado do Acre por serviços prestados.
A defesa do governador expressou que ele está “à disposição das autoridades e colaborando com esta nova fase do processo”, enfatizando a confiança na Justiça. Além disso, afirmaram que o depoimento de Cameli representa sua primeira oportunidade de se manifestar após quase três anos de investigações e que espera que isso comprove sua inocência e a transparência de sua gestão pública.