A defesa de Bolsonaro alega que Zanin e Dino já processaram o ex-presidente no passado e, por isso, deveriam ser afastados
O Supremo Tribunal Federal (STF) enfrenta, nesta semana, mais uma tentativa da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de atrasar o avanço das investigações contra ele. Seus advogados querem impedir a participação dos ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino no julgamento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
A estratégia ocorre às vésperas da decisão sobre o recebimento da denúncia, agendada para a próxima semana. Além de Bolsonaro, seu ex-ministro Walter Braga Netto e o general da reserva Mario Fernandes também tentam barrar a participação do ministro Alexandre de Moraes e de Flávio Dino, respectivamente.
O STF analisará esses pedidos no plenário virtual, entre quarta e quinta-feira, em uma sessão extraordinária convocada pelo presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, devido à “excepcional urgência” do caso. Já o julgamento do mérito da denúncia contra Bolsonaro, Braga Netto e outras seis pessoas está previsto para ocorrer entre os dias 25 e 26 de março, na Primeira Turma do tribunal.
Manobra para adiar o inevitável
A defesa de Bolsonaro alega que Zanin e Dino já processaram o ex-presidente no passado e, por isso, deveriam ser afastados. O argumento, no entanto, já foi rejeitado pelo presidente do STF no mês passado, mas os advogados insistiram em recorrer.
Na sexta-feira, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, criticou a insistência da defesa e pediu a rejeição dos recursos, afirmando que os advogados apenas repetiram os mesmos argumentos sem apresentar qualquer fato novo. Segundo Gonet, as justificativas de Barroso para negar o pedido seguem inalteradas e não há razão para reverter a decisão.
A nova investida da defesa de Bolsonaro faz parte de uma estratégia já conhecida, baseada na procrastinação e na tentativa de deslegitimar o STF.