Site da CLDF inviabiliza transparência de gastos públicos

Usuários que tentam acessar informações referentes ao orçamento da Casa enfrentam barreiras de acesso, devido à negligência com o site

Na semanada passada, o Fatos Online divulgou os gastos públicos dos deputados distritais da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) com as chamadas verbas indenizatória. Com a divulgação da reportagem, os leitores nos enviaram questionamentos sobre como acessar os dados utilizados na matéria, já que muitos sequer sabiam do que se tratava a “ajuda” que é cedida mensalmente aos distritais. Outro ponto relevante e que vale ser salientado é a dificuldade em acessar os valores que os parlamentares disponibilizam para a contratação de assessores, resultando em falta de transparência. Os problemas relatados são decorrentes, sobretudo, de falhas no site da CLDF, que dificultam o acesso dos usuários a essas informações. Devido a isso, o Fatos Online contatou um desenvolvedor web para analisar o portal da Casa Legislativa.

De acordo com o desenvolvedor web Filipe Reges Salles, foram identificadas as seguintes características no site do órgão: excesso de informação, navegação confusa, falta de contraste, design não responsivo, ícones e botões ambíguos, links quebrados ou inúteis e falta de hierarquia visual.

Além disso, Salles destacou que há outras barreiras que podem inviabilizar um acesso à informação mais inclusivo.

“Utilizei o Lighthouse da Google para avaliar a performance do site, que obteve uma pontuação de 63. Isso indica que usuários com conexões mais lentas podem ter dificuldades significativas de acesso, tornando o site menos acessível e democrático”, disse o desenvolvedor web.

De acordo com o profissional, o excesso de imagens pesadas, em formato PNG, além da falta de manutenção, fazem com que a experiência do usuário se torne mais lenta e confusa. Devido a isso, “o filtro de busca não filtra informações de maneira precisa, o que denota falta de manutenção e reduz a eficiência do site”, explicou.

“Considero inaceitável que o site da Câmara apresente métricas tão deficientes, especialmente por ser um portal onde se acessa o portal de transparência. A baixa performance, a experiência de usuário insatisfatória incluindo problemas de contraste de cores e acessibilidade limitada e a dificuldade em encontrar conteúdo relevante fazem com que a maioria dos visitantes feche o site em menos de um minuto. Este deveria ser um espaço de acesso livre e fácil para todos”, complementa Salles.

Negligência

Adicionalmente, segundo a análise do desenvolvedor, tais características encontradas apontam para uma negligência com o site, que é um dos poucos elos da população com as informações ligadas à Casa Legislativa. Ele detalha que o website da CLDF é desenvolvido com uma plataforma acessível, feita para facilitar o manuseamento do site. Mesmo assim, há poucos sinais de manutenção ou reparos no portal.

“Já seria inaceitável um profissional da área permitir essas deficiências em um website, mas é ainda mais preocupante quando o site foi desenvolvido com uma plataforma que facilita tanto sua construção e manutenção. Isso revela um nível significativo de negligência por parte do governo em relação ao acesso à informação pela população”, finalizou.

Até o final de março, a CLDF já havia empenhado R$ 255.284.713 em recursos públicos. O montante salienta a importância da transparência com relação aos trabalhos e ao orçamento do órgão.

No geral, os sites governamentais costumam desviar-se da função principal de comunicação pública e de servir ao interesses do público. Em vez disso, os portais tendem a noticiar apenas informes governamentais ou a rotina dos órgãos, salvo algumas exceções.  Faltam, então, matérias de teor crítico, que divulguem questões relevantes para a sociedade, sobretudo, relacionadas ao orçamento e convertidas para uma linguagem acessível. Muitas vezes, quem procurar ter acesso às informações orçamentárias dá de encontro com links quebrados ou tabelas de Excel, poluídas de informação e sem qualquer tratamento.

Fatos Online

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