Além do funcionário, uma advogada e um integrante da facção criminosa foram alvos da operação; a advogada intermediava as tratativas para favorecer o grupo
Um servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), identificado como Rigel dos Santos Brito, foi acusado de vender informações sigilosas de processos judiciais a um criminoso do Primeiro Comando da Capital (PCC). Em troca, ele recebia R$ 50 por consulta, dinheiro usado para alimentar seu vício em jogos de azar.
Além de Rigel, um membro do PCC e a advogada Carla Rufino Freitas foram alvos da operação policial deflagrada pela 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho) na quarta-feira (24). As investigações indicam que Rigel e Carla usavam um intermediário, um amigo pessoal de ambos, para se comunicarem, evitando contato direto e, assim, despistando a polícia.
Um dos serviços contratados por Carla Rufino envolvia informações sobre uma tentativa de homicídio no Assentamento Dorothy, em Sobradinho, ocorrida em julho deste ano. Por R$ 50, a advogada apresentou uma pessoa diferente na delegacia para proteger o verdadeiro responsável, um membro do PCC operando em Goiás. Com acesso ao sistema do TJ, Rigel consultou dados do inquérito policial e da solicitação de mandado de prisão, fornecendo as informações à advogada para encobrir o verdadeiro acusado.
A perícia nos celulares apreendidos revelou que Carla contratou os serviços de Rigel várias vezes para proteger outros clientes. As mensagens mostram que o servidor cobrava apenas R$ 50 por pesquisa, verba utilizada para sustentar seu vício em jogos de azar.
Os investigadores estão trabalhando para desvendar outros acordos entre Carla e Rigel, mediados pelo amigo em comum. Carla pode ser acusada de corrupção passiva.
O integrante do PCC também foi preso durante a operação. Ele é alvo de vários inquéritos na Polícia Civil de Goiás por homicídios e tráfico de drogas. Estava foragido em Caldas Novas (GO) e se deslocou para Brasília na tentativa de se esconder, mas foi capturado pela polícia.
Rigel já havia sido alvo de uma operação policial por corrupção em 2011. Atualmente, ele é lotado no Núcleo Permanente de Cálculos Judiciais Cíveis. O TJDFT informou que o inquérito policial tramita em segredo de justiça e que aguarda a comunicação oficial para tomar as medidas administrativas necessárias contra o servidor.