O mandato de Campos Neto, indicado ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acaba no fim deste ano
Na manhã desta terça-feira (20), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que caso seja necessário, irá aumentar os juros. A fala aconteceu durante evento promovido pelo BTG Pactual, em São Paulo.
Mesmo com a forte pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Campos Neto destacou que “nunca viu um espírito de equipe tão bom no Banco Central como nas últimas reuniões”.
Segundo ele, a mensagem do Banco Central continua muito parecida com a da ata do Comitê de Política Monetária (Copom).
O presidente da autarquia reconheceu que economistas, incluindo ele próprio, têm errado nas projeções de crescimento, e que a economia brasileira demonstra sinais de força, com inflação controlada em 4,5% nos últimos 12 meses e com as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) se aproximando de 3%.
Campos Neto falou sobre a transição de comando no banco e disse que precisa “concentrar todas as forças para fazê-la de forma suave”.
O mandato de Campos Neto, indicado ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acaba no fim deste ano.
Lula e sua incansável perseguição
Questionado sobre as críticas feitas a Campos Neto, Lula disse: “Não me desagradou, não, o problema não é pessoal. Ele desagradou ao país, ao setor produtivo. Não tem explicação a taxa de juros estar a 10%. O BC deve ao povo brasileiro”.
Lula já criticou o fato de o presidente da República eleito, não poder indicar diretamente o presidente do Banco Central. Ele elucidou que está há dois anos com o presidente do BC que foi indicado pelo ex-presidente Bolsonaro.
Campos Neto relembrou que, em 2022 a taxa de juros chegou 13,75%, a maior em um ano eleitoral. “Se isso não é uma prova de que você é independente, e você agiu autonomamente, é difícil encontrar outro exemplo como esse”, disse o presidente da autarquia.
O petista defendeu que o correto seria o presidente da República fazer a indicação do presidente do BC e, se necessário, removê-lo. O mandatário ainda citou como exemplo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que removeu três presidentes do BC durante o mandato.