Bolsonaro já foi declarado inelegível pelo TSE até 2030, após a condenação por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a se declarar como o principal nome da direita para as eleições de 2026, ignorando sua situação jurídica e atacando o sistema democrático.
Em entrevista à revista Veja nesta sexta-feira (17), Bolsonaro afirmou que deixará de acreditar na democracia caso sua inelegibilidade seja mantida por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
” O que seria a democracia? Respeitar o devido processo legal, a Constituição, as leis. Me tornar inelegível por quê? São duas condenações de oito anos (…) Se eu continuar inelegível, eu não acredito mais em democracia. Acabou a democracia”, disse o ex-presidente.
Acusações criminais
Indiciado pela Polícia Federal (PF) em novembro de 2024, Bolsonaro enfrenta acusações graves, incluindo tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa. Caso seja processado e condenado com a pena máxima, o ex-presidente poderá ficar inelegível até 2061, quando terá 106 anos.
A soma das possíveis penas, que incluem 28 anos de prisão e oito anos adicionais de inelegibilidade pela Lei da Ficha Limpa, reflete a gravidade das acusações. A aplicação integral da lei pode afastá-lo permanentemente do cenário político.
Bolsonaro já foi declarado inelegível pelo TSE até 2030, após a condenação por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação. A decisão teve como base uma reunião em 2022, na qual o ex-presidente atacou as urnas eletrônicas sem apresentar provas, em um movimento que a Corte considerou como tentativa de enfraquecer a confiança nas eleições.
Negação da realidade
Mesmo diante de um cenário jurídico desfavorável, Bolsonaro evita comentar quem seria seu sucessor político nas eleições de 2026, caso sua situação permaneça inalterada.
Em novembro, ele chegou a afirmar que aposta no Congresso para reverter sua inelegibilidade, ignorando que as decisões judiciais do TSE são definitivas e não passíveis de revisão por parlamentares.