Em busca do martelo da Justiça, São Gonçalo sofre com o êxodo de sua população que passa a se instalar em cidades beneficiadas pelo ouro negro
Por Mino Pedrosa
Na espera do martelo da Justiça, que ainda não deu a decisão final sobre a divisão dos royalties do Petróleo que impede o crescimento da cidade de São Gonçalo em favor dos municípios de Niterói e de Maricá, São Gonçalo tem visto sua população encolher.
Em relatório recente divulgado pelo IBGE, o Censo Demográfico de 2022 mostra que um fluxo populacional tem seguido em direção a Maricá, para onde também tem jorrado recursos do chamado “ouro negro”. Em detrimento de São Gonçalo, a população do município de Maricá teve o maior crescimento no Estado do Rio, com um salto de 54% em apenas 12 anos.
Segundo o estudo, são cerca de 70 mil novos moradores em busca de moradia própria e serviços essenciais como saúde e educação de qualidade, que acabam sendo decorrentes da grande quantidade de recursos obtidos através da exploração de petróleo.
Nos últimos anos, o ouro negro permitiu a Maricá investir em políticas públicas sociais e econômicas que atraíram novos moradores. Assim, o município vem deixando de ser apenas uma cidade-dormitório para se tornar, segundo a própria prefeitura, “uma cidade com geração de renda e empregos”.
Já a cerca de 30 quilômetros de Maricá, e banhada pela mesma Baía de Guanabara, São Gonçalo luta na justiça para receber recursos dos royalties referentes aos campos de produção em alto mar.
Com a falta de recursos para incentivar o empreendedorismo e oferecer melhores serviços à população, a cidade viu sua população encolher 10%. Foi a maior queda entre municípios do país com mais de 100 mil habitantes. A variação populacional dos dois municípios, em direções opostas, é sintoma da diferença extrema de realidades vividas pelos seus moradores.
Vivendo na expectativa de qualidade de vida, São Gonçalo luta ansiosamente pela batuta da Justiça que deverá reconhecer a necessidade da população da cidade.