Royaltiers: o ouro negro que escorre pelo ralo dos cofres de Niterói

A mão de ferro do ex- prefeito Rodrigo Neves e os milhões desperdiçados pela prefeitura de Niterói RJ
Por Mino Pedrosa

Em disputa pela sobra dos royalties do petróleo explorado no Rio de Janeiro, a prefeitura de Niterói, um dos mais beneficiados com os recursos do chamado ouro negro, vive uma crise política e moral que envergonha a população da cidade.

Empresas publicas vinculadas ao município têm jorrado os cofres do cidadão com uma rede incontável de funcionários fantasmas. Milhões já foram desperdiçados em cabides de emprego sem utilidade.

No meio deste escândalo, os olhos se voltam para o ex-prefeito Rodrigo Neves, que mesmo fora do comando do município ainda tem poder de mando utilizando-se de sua mão de ferro. O poderoso político, que também possui estreitos laços com o mundo do jogo clandestino (jogo do bicho), é um dos que se beneficia das vantagens milionárias provenientes dos royalties do petróleo.

Em Niterói, o jogo do bicho é comandado pelo famoso “capitão”, como é conhecido o ex-repressor da ditadura Aílton Guimarães Jorge na região. O bicheiro e ex-presidente da escola de samba Unidos de Vila Isabel, possui laços estreitos com Rodrigo Neves.

O escândalo em torno dos “fantasmas” que, neste caso, não circulam para trabalhar na Emusa (Empresa Municipal de Niterói), local onde parte dos empregos foram concedidos, expõe um aspecto pouco lembrado, mas essencial para compreender o escoadouro de dinheiro público via empresas de centenas de cidades brasileiras: a farra com o dinheiro advindo dos royalties de petróleo é um escândalo a ser explorado.

A Emusa, que no papel tem mais de mil funcionários, na prática contava com menos de cem servidores realmente úteis.

A empresa pública é a responsável por obras de urbanismo e saneamento, e por isso recebe boa tarde da fatia dos royalties. Esses recursos fizeram de Niterói uma das cidades mais ricas do país, sendo hoje a que contém a terceira maior renda familiar per capta da nação.

Isso acontece, porém, em detrimento de uma distribuição dos royalties mais justa e equitativa entre os municípios brasileiros. Para ficar apenas no estado do Rio e considerando o período de 2017 a 2021, Niterói recebeu R$ 6,3 bilhões, enquanto São Gonçalo teve apenas R$ 109 milhões.

No entanto, as duas cidades estão situadas na mesma Baía de Guanabara, localização que é hoje um dos critérios para a divisão dos royalties.

Esta grotesca diferença entrou na pauta do Superior Tribunal de Justiça, em Brasilia, para a semana posterior à semana santa. Na primeira e segunda instâncias, o município de São Gonçalo venceu a disputa judicial, mas a Procuradoria de Niterói recorreu, tentando impedir a contratação de entidades e advogados por São Gonçalo. O Estatuto da OAB e a legislação que cobre o assunto não impedem a contratação dessas entidades.

Ainda sobre o ex-prefeito Rodrigo Neves, paira uma investigação na compra de equipamentos pesados para a Petrobras. A suspeita é de comando de várias empresas que participam de pregões que acabam sendo direcionados em benefício dos bolsos restritos do círculo fiel de Neves.

Redação

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on telegram