Reviravolta: PCDF investiga suposta denúncia falsa em furto de loja de armas

De acordo com as investigações, a principal hipótese é de que o dono da loja usou o furto para justificar o desaparecimento de 76 armas

Cinco pessoas foram presas em um caso de furto que está sob investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O furto de 76 armas da loja Delta Guns, em Ceilândia, teve um novo desenvolvimento após o depoimento de Thiago Braga Martins, o suposto mentor do esquema. Apesar de Thiago ter admitido a participação no crime, ele afirmou que, ao acessar o cofre, não encontrou armas e saiu do local sem levar nada. A revelação levantou suspeitas sobre o proprietário da Delta Guns, Thiago Nunes, e fez a polícia questionar a veracidade da denúncia apresentada por ele. Agora, a investigação se concentra em determinar se o furto foi simulado e quem está escondendo a verdade.

Nesta segunda-feira (19), a Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri) da polícia civil executou a fase final da Operação Illusion. Foram realizados 12 mandados de busca e apreensão, resultando na coleta de 69 armas de vários calibres. Todo o equipamento é de propriedade de Thiago Nunes, assim como a loja e um clube de tiro. O delegado Tiago Carvalho informou que as armas não são as que foram supostamente furtadas, mas foram apreendidas para evitar que fossem usadas de forma ilegal.

A operação foi conduzida para prevenir a fuga dos suspeitos. Em pouco mais de um mês de investigações, cinco pessoas foram presas, quatro delas com conexão direta com o furto na Delta Guns: Thiago Braga, Layane Batista da Costa, um empresário de bar não identificado e o idoso Evandro Sabino, de 68 anos. O outro detido é o próprio autor da denúncia contra os supostos autores do furto.

Plano de furto

O plano do grupo era alugar uma loja vizinha à Delta Guns, que seria o alvo do furto. Thiago Braga, o principal articulador do esquema, recrutou um empresário de um bar em Samambaia, que, por sua vez, incluiu Layane e Evandro no plano. Em 24 de abril, Layane entrou em contato com uma imobiliária da região se passando por outra pessoa para visitar uma loja próxima à Delta Guns. Em 29 de abril, ela voltou à imobiliária para formalizar o contrato de aluguel, com Evandro atuando como fiador. Após assinar o contrato, Layane retirou as chaves em 3 de junho, mas as câmeras de segurança mostraram inconsistências nas características do documento apresentado por ela.

O furto ocorreu entre 8 e 9 de junho, quando os criminosos fizeram um buraco na parede do imóvel alugado para acessar a Delta Guns. Thiago Braga, no depoimento, declarou que, ao arrombar o cofre, não encontrou armas e saiu de mãos vazias. “Ele já estava preso preventivamente em Palmas (TO) por outro arrombamento em uma joalheria. Quando conversamos com ele, admitiu o furto, mas negou ter levado qualquer arma. Isso nos levou a investigar a denúncia feita pelo proprietário da loja”, relatou o delegado Tiago Carvalho.

No boletim de ocorrência registrado por Thiago Nunes, ele relatou que cerca de 100 armas foram furtadas e que o sistema de monitoramento da loja também foi levado. No entanto, a declaração de Thiago Braga gerou dúvidas sobre a veracidade da denúncia. De acordo com as investigações, a principal hipótese é de que o dono da Delta usou o furto para justificar o desaparecimento de 76 armas.

Como resultado, a polícia solicitou a prisão temporária de Thiago Nunes por fraude processual, e a Justiça acatou o pedido. Ele está detido há quase um mês. A investigação busca esclarecer quem está escondendo a verdade: o criminoso que afirma não ter levado armas ou o proprietário da loja que pode ter encenado o furto para justificar o desaparecimento das armas. As imagens das câmeras de segurança mostram o grupo saindo da loja com um objeto não identificado, o que, de acordo com a polícia, não corresponde às 76 armas e 2.500 munições supostamente furtadas.

Na segunda-feira (19), a polícia fez buscas nos endereços de Thiago Nunes e apreendeu 69 armas. “Embora as armas sejam regulares, a PCDF acredita que poderiam ser usadas de forma ilícita. O que sabemos é que as armas ‘desaparecidas’ não estão no DF”, concluiu o delegado.

Os quatro presos enfrentarão acusações de falsificação de documentos, uso de documentos falsos, furto qualificado, comércio ilegal de armas e associação criminosa, com penas que variam de 1 a 12 anos. Thiago Nunes está sendo investigado por fraude processual e comércio ilegal de armas.

Thiago Braga também estava preso em Palmas por outro furto em uma joalheria. Juntamente com um comparsa, ele foi capturado minutos após invadir a loja. A PM apreendeu com eles um celular, alicate, bonés, balaclava e mais de R$ 1 mil.

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