R$ 5.089.158,35, provenientes do Fundo Nacional de Saúde (FNS), estavam aplicados financeiramente, ao invés de serem utilizados para a operação do Samu
A gestão financeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do Distrito Federal está sob escrutínio após a revelação de que R$ 5 milhões, repassados pela União, foram investidos no mercado financeiro enquanto ambulâncias ficaram paradas e pacientes aguardavam socorro. O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) já solicitou explicações à Secretaria de Saúde sobre o uso dos recursos.
O Sistema Informatizado de Gestão Governamental (Siggo) mostrou que R$ 5.089.158,35, provenientes do Fundo Nacional de Saúde (FNS), estavam aplicados financeiramente, ao invés de serem utilizados para a operação do Samu.
A descoberta levou o deputado distrital Gabriel Magno (PT) a apresentar uma representação ao TCDF. A Corte de Contas encontrou indícios de má-gestão e ineficiência na alocação dos recursos federais destinados ao serviço de emergência. O Samu, que recebe financiamentos tanto do Governo Federal quanto do Distrito Federal, deveria ter utilizado esses fundos para assegurar a continuidade e eficiência do atendimento de emergência.
A crise se agravou em abril de 2024, quando metade da frota do Samu foi retirada de operação devido a problemas de manutenção. A situação afetou não apenas vítimas de acidentes, mas também o transporte de pacientes críticos, incluindo aqueles em unidades de terapia intensiva (UTI).
A dependência dos recursos federais pelo Samu aumentou significativamente entre 2011 e 2024, e atualmente representa aproximadamente 82% do orçamento da instituição. Até 18 de abril de 2024, a Conta Única do Samu apresentava um saldo parado de R$ 6.716.649,57.
Além dos problemas de manutenção, o Samu enfrenta desafios adicionais, como a desvalorização e o déficit de servidores públicos. Em resposta, a Secretaria de Saúde decidiu assumir diretamente a gestão da manutenção das ambulâncias e lançou um pregão para contratar serviços de manutenção, com um custo estimado em R$ 13.155.808,08 por ano. Anteriormente, a manutenção era gerida pela Secretaria de Economia (SEEC), um modelo criticado por profissionais de saúde como ineficaz e lento.