Do lado de fora da Alesp, militantes do PSDB contestaram a candidatura; além do grupo favorável a Nunes, há uma ala do PSDB que defende uma aliança com a pré-candidata Tabata Amaral (PSB)
Em uma convenção tumultuada, o PSDB confirmou a candidatura de José Luiz Datena à prefeitura de São Paulo, com o ex-senador José Aníbal como seu vice. Datena, que já havia desistido de quatro campanhas anteriores antes do início oficial, prometeu ser uma alternativa tanto para bolsonaristas quanto para petistas nesta eleição.
A convenção partidária, realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), formalizou as candidaturas exigidas pela legislação eleitoral. Do lado de fora, a manifestação de militares do PSDB contrários a Datena foi notável, com alguns defendendo a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Para evitar maiores dissidências, a federação nacional do PSDB/Cidadania já havia homologado a candidatura de Datena na sexta-feira (26). A cerimônia oficial, que ocorreu no sábado (27), teve como foco o anúncio do vice-prefeito e a oficialização da chapa de candidatos a vereador, composta por 53 nomes — 43 do PSDB e 10 do Cidadania.
Os opositores receberam Datena com camisetas que estampavam “Respeita a nossa história” e exigiam a realização de prévias. Fernando Alfredo, ex-presidente municipal do PSDB, liderava a manifestação e prometeu contestar a convenção na Justiça Eleitoral.
José Aníbal, atual presidente municipal do PSDB, minimizou as chances de anulação da chapa, alegando que Fernando Alfredo se alinhou aos bolsonaristas e ao prefeito de São Paulo. Aníbal também observou que Alfredo já havia perdido em ações judiciais anteriores e estava condenado a pagar as custas.
O candidato a vice-prefeito esclareceu que a escolha foi discutida “algumas vezes durante o último mês” e refutou a ideia de uma decisão de última hora. Além do grupo favorável a Nunes, há uma ala do PSDB que defende uma aliança com a pré-candidata Tabata Amaral (PSB). Tabata, que facilitou a filiação de Datena ao PSDB, havia esperado que ele fosse seu vice, mas essa possibilidade foi deixada de lado pela liderança do partido. Tabata também foi confirmada como candidata neste sábado, mas adiou o anúncio de seu vice.
Datena recebe o apoio da cúpula do PSDB, tanto municipal quanto nacional, que aposta em sua popularidade para fortalecer a legenda na capital. Os partidos têm até 15 de agosto para registrar suas candidaturas na Justiça Eleitoral.
Durante a convenção, Mario Covas Neto, presidente da Federação PSDB-Cidadania em São Paulo, defendeu a relevância contínua do PSDB, desafiando a noção de que o partido está em declínio. Marconi Perillo, ex-governador de Goiás e presidente nacional do PSDB, também participou da mesa e destacou o legado do PSDB através do Plano Real e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A chegada de Datena à Alesp foi marcada por conflitos. Acompanhado de um segurança, ele enfrentou críticas de um militante em um carro de som, acusando o grupo de ser financiado por Ricardo Nunes. No estacionamento, o número de opositores aumentou, com um segundo carro de som reproduzindo críticas de Datena ao PSDB e à tarifa-zero de ônibus aos domingos, um programa instaurado por Nunes.
Parte dos manifestantes bloqueava a entrada do Auditório Paulo Kobayashi, dificultando o acesso da imprensa e dos dirigentes do partido, que foram direcionados a usar uma entrada lateral. Em entrevista, Datena acusou os manifestantes de serem pagos para criar tumulto e pediu que a polícia e o Ministério Público investigassem os atos.
Datena também posicionou sua chapa como uma opção para bolsonaristas descontentes com Ricardo Nunes e para petistas insatisfeitos com Boulos. Criticou a gestão de Nunes, alegando que ele não cumpriu os compromissos de campanha de Bruno Covas e comparou a disputa eleitoral a um programa de televisão. Já a assessoria de Nunes acusou Datena de apresentar uma versão distorcida da realidade.
