Próxima reunião do Copom pode indicar aumento da Selic

Há quase 73% de probabilidade de o BC optar por um aumento na taxa de juros, que pode ser de 0,25 ou 0,50 ponto percentual, na próxima reunião

Um levantamento semanal que analisa as projeções do mercado financeiro indica que a chance de a taxa básica de juros, a Selic, permanecer inalterada na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), marcada para os dias 17 e 18 de setembro, é de apenas 27,4%. A pesquisa foi realizada na segunda-feira (26), logo após a divulgação do Relatório Focus.

De acordo com o mesmo levantamento, há quase 73% de probabilidade de o BC optar por um aumento na taxa de juros, que pode ser de 0,25 ou 0,50 ponto percentual, na próxima reunião.

Atualmente, a Selic está em 10,50% ao ano, após o Banco Central ter decidido mantê-la nesse nível pela segunda vez consecutiva na reunião do Copom realizada em 31 de julho. Em 3 de agosto de 2023, o BC havia iniciado um ciclo de redução de juros, com seis cortes consecutivos de 0,50 ponto percentual. Entretanto, em maio, o comitê decidiu reduzir o ritmo, aplicando um corte de 0,25 ponto percentual, levando a Selic aos atuais 10,50% ao ano, onde permanece desde então.

A elevação da Selic seria uma medida do Banco Central para conter a inflação, o que tende a reduzir o consumo e os investimentos no país. Já uma redução da taxa busca estimular a atividade econômica, promovendo um aumento no consumo e nos investimentos.

A combinação de volatilidade externa, como a alta do dólar, e incerteza fiscal interna sugere que o BC deverá manter cautela diante da taxa e, dificilmente, irá reduzi-la no cenário atual. Com isso, possivelmente a Selic será elevada para controlar a inflação e atrair capital estrangeiro, a fim de proteger a moeda nacional.

Inflação

Além disso, as projeções para a inflação foram elevadas e se afastaram da meta, o que mantém a pressão sobre o Banco Central para manter ou até aumentar a Selic, com o objetivo de conter as pressões inflacionárias.

Na ata da última reunião do Copom, realizada em 30 e 31 de julho, o BC afirmou que “não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta, se julgar apropriado”. A posição tem sido reiterada publicamente tanto por diretores quanto pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, desde a última reunião do comitê.

Por outro lado, Campos Neto adotou uma postura mais direta sobre uma possível elevação da Selic, afirmando que “se for necessário subir os juros, nós subiremos” durante um evento em São Paulo. Ele destacou que a decisão do comitê dependerá das projeções econômicas, tanto nacionais quanto internacionais, e enfatizou que o colegiado do BC continuará perseguindo a meta de inflação. Campos Neto também ressaltou que “nunca viu um espírito de equipe tão bom no Banco Central como nas últimas reuniões”.

O Comitê de Política Monetária (Copom) realiza oito reuniões anuais para definir a taxa básica de juros, a Selic. As últimas três reuniões de 2024, conforme o calendário do Banco Central, estão previstas para os dias 17 e 18 de setembro, 5 e 6 de novembro, e 10 e 11 de dezembro. Membros do governo Lula (PT) têm insistido na retomada dos cortes na taxa de juros, além de sugerirem uma ampliação na redução da Selic por parte do comitê do BC.

O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que o comitê depende de dados para definir a próxima Selic. Ele explicou, durante um evento em comemoração aos 125 anos do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, em Teresina, que “por isso, o BC interrompeu seu ciclo de cortes [de juros] e está aguardando novos dados”. Segundo ele, todas as alternativas de política monetária [em relação à taxa de juros] estão em aberto, para que a melhor decisão possa ser tomada.

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