Ele deveria participar de uma reunião do partido, em São Paulo. No entanto, Eurípedes Júnior alegou estar doente
O presidente do Solidariedade e ex-Pros, Eurípedes Júnior, está foragido da Justiça. Durante as ações da Operação Fundo do Poço, descobriu-se um suposto desvio de R$ 36 milhões do fundo eleitoral e indícios da participação de Eurípedes Júnior no crime. Com isso, a Justiça Eleitoral do DF determinou o bloqueio e indisponibilidade de R$ 36 milhões, além do sequestro judicial de bens de 33 imóveis relacionados ao investigado. O esquema tinha como objetivo desviar e se apropriar de recursos do Fundo Partidário e Eleitoral. Para isso, eram usadas candidaturas laranjas, serviços de consultoria jurídica superfaturados e desvio de recursos destinados à Fundação de Ordem Social, uma entidade ligada ao partido. As irregularidades foram reveladas por meio da análise de Relatórios de Inteligência Financeira e das prestações de contas dos candidatos supostamente envolvidos.
Durante a operação, realizada na quarta-feira (13), a Polícia Federal cumpriu seis dos sete mandados de prisão, com Eurípedes Júnior sendo o principal alvo. No entanto, os agentes não localizaram Eurípedes Júnior, o que acarretou na não conclusão do sétimo mandado emitido pela Justiça. Os policiais federais procuraram o investigado em uma casa, pertencente a ele, e no aeroporto de Brasília. Eurípedes Júnior tinha uma viagem programada para São Paulo no dia da operação.
Interpol
O ex-Pros também foi colocado na lista vermelha da Interpol após ser considerado foragido pela Polícia Federal. Em São Paulo, ele deveria participar de uma reunião com outros dirigentes do partido. No entanto, Eurípedes Júnior alegou que não poderia comparecer devido a uma doença.
A inclusão na lista vermelha da Interpol permite a prisão de indivíduos em países estrangeiros quando há um mandado de prisão em aberto emitido pelas autoridades brasileiras. A Interpol, que é a Organização Internacional de Polícia Criminal, coordena as ações.
Quem é Eurípedes Júnior?
Eurípedes Gomes de Macedo Júnior, 49 anos, ascendeu na política como vereador em Planaltina de Goiás (GO) pelo antigo PSL, em 2008. Fundador do Partido Republicano da Ordem Social (Pros) em 2013, Eurípedes moldou a legenda com um viés governista e alinhado ao Partido dos Trabalhadores (PT), apoiando diversas candidaturas nas eleições de 2014, 2018 e 2022, ao mesmo tempo que mantinha colaborações com os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Além das contradições, a trajetória eleitoral do político teve altos e baixos. Em 2014, ele tentou sem sucesso uma cadeira como deputado federal por Goiás e, em 2018, figurou como primeiro suplente na chapa do candidato ao Senado pelo PTB, Walisson Nascimento.
O período de Eurípedes à frente do Pros foi marcado por tumultos internos e batalhas judiciais, especialmente com Marcus Holanda, um ex-dirigente do partido. Em um episódio controverso, Holanda registrou um boletim de ocorrência acusando Eurípedes de desvio de bens do partido, incluindo um helicóptero que foi recentemente apreendido.
As disputas internas alcançaram um ponto crítico em 2020, quando um grupo ligado a Marcus Holanda conseguiu afastar Eurípedes da presidência do Pros, instalando uma nova direção nacional com Holanda à frente. O controle do partido, no entanto, mudou de mãos várias vezes devido a decisões judiciais, culminando em uma disputa final que retornou o comando a Marcus Holanda em março de 2022, conforme determinação do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
Pablo Marçal
Em meio à turbulência, Eurípedes enfrentou mais um embate eleitoral com reviravoltas. No final de 2022, a apenas dois meses das eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a permanência de Eurípedes na presidência do Pros. Com isso, já em 2023, ele retirou a candidatura do influenciador Pablo Marçal, que havia sido indicado por Marcus Holanda, seu opositor dentro do próprio partido. Além disso, o político declarou apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Jair Bolsonaro (PL).
Eurípedes ainda articulou a fusão do Pros com o Solidariedade, visando fortalecer as bases políticas. No entanto, ambos os partidos não tiveram acesso ao fundo partidário nem ao direito de veicular propaganda durante as campanhas eleitorais. Isso porque as legendas não atingiram a cláusula de barreira em 2022.