O apostador William Rogatto, ouvido pela CPI em outubro, admitiu sua participação em um esquema para manipular resultados no campeonato estadual
A CPI das Apostas Esportivas no Senado Federal ouviu, nesta quarta-feira (11), o presidente da Federação Brasiliense de Futebol (FFDF), Daniel Vasconcelos, para esclarecer acusações de envolvimento em esquemas de manipulação de resultados no futebol do Distrito Federal.
O dirigente foi mencionado no depoimento do apostador William Rogatto, que admitiu práticas ilícitas durante o campeonato estadual de 2024. Apesar das negativas enfáticas de Vasconcelos, a audiência levantou mais perguntas do que respostas sobre a integridade do futebol regional.
Logo na abertura de sua fala, Vasconcelos fez questão de ressaltar sua trajetória no futebol de Brasília e à frente da FFDF desde 2017. Ele repudiou as acusações de envolvimento com Rogatto, afirmando que nunca teve qualquer tipo de contato com o apostador. “Nunca falei com esse cidadão, nunca troquei mensagens, nunca recebi uma ligação dele”, declarou enfaticamente.
Mesmo que, suas palavras tenham buscado demonstrar distanciamento, a postura defensiva do dirigente não foi suficiente para dissipar as suspeitas. A simples negação de envolvimento contrasta com a gravidade das denúncias e o histórico de omissão das autoridades esportivas em casos semelhantes.
Alerta de manipulação
Vasconcelos relatou que a Federação tomou ciência das suspeitas de manipulação de partidas no campeonato local por meio de um alerta da Sport Radar, empresa especializada em monitoramento de dados esportivos.
A denúncia foi encaminhada à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que, por sua vez, acionou o Ministério Público e o Tribunal de Justiça Desportiva do DF.
Embora tenha seguido os procedimentos formais, a resposta da Federação foi percebida como tardia e reativa. A omissão inicial em tomar medidas preventivas demonstra fragilidades na governança esportiva e na fiscalização de competições estaduais.
O caso Rogatto
O apostador William Rogatto, ouvido pela CPI em outubro, admitiu sua participação em um esquema para manipular resultados no campeonato estadual, inclusive rebaixando a equipe do Santa Maria para a Segunda Divisão.
Rogatto, na época em Portugal, revelou ter enganado a presidente do clube, Dayana Nunes, em um depoimento que escancarou as falhas na estrutura de controle do futebol local. O envolvimento de Rogatto no esquema foi desmascarado pela Operação Fim de Jogo, conduzida pelo Gaeco do Ministério Público do DF e Territórios.