Divulgação dos resultados eleitorais pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão sob controle do governo Maduro, ocorreu sem a publicação das atas de votação e com a exclusão de observadores eleitorais
Sob intensa pressão internacional por transparência e diante das suspeitas sobre o processo eleitoral que resultou na declaração de reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela, o PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou uma nota exaltando as eleições no país vizinho. Publicada no site do partido e assinada pela Executiva Nacional, a nota refere-se a Maduro como “presidente Nicolás Maduro, agora reeleito” e defende que ele “continue o diálogo com a oposição”.
A divulgação dos resultados eleitorais pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão sob controle do governo Maduro, ocorreu sem a publicação das atas de votação e com a exclusão de observadores eleitorais. Tal situação gerou fortes repercussões internacionais e protestos nas ruas de Caracas e em várias outras regiões do país, especialmente após pesquisas indicarem uma ampla vitória da oposição.
Ainda assim, o PT descreveu o processo como “uma jornada pacífica, democrática e soberana” e culpou as sanções internacionais, impostas devido às ações autoritárias de Maduro, pelos “graves problemas da Venezuela”. Enquanto países como Estados Unidos, Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai reagiram de maneira forte e rápida, o Brasil manteve uma posição mais amena.
Nesta segunda-feira, 29, o Itamaraty solicitou a divulgação das atas eleitorais pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela. Conforme o governo brasileiro, a publicização dos dados é “indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”. Ao contrário do PT, o Planalto evitou reconhecer Maduro como “presidente reeleito”, embora não tenha feito críticas diretas ao ditador, como fizeram outros países.
A ditadura chavista tem um histórico de prisão de adversários políticos, e alguns dos principais opositores de Maduro foram proibidos de concorrer. Diplomatas brasileiros, juntamente com representantes dos governos colombiano e mexicano, estão articulando uma declaração conjunta exigindo a divulgação das atas eleitorais. Somente após a análise dos documentos, o governo Lula decidirá se reconhecerá ou não a reeleição de Maduro.