Durante o velório, duas viaturas do 6º Batalhão de Polícia Militar do Interior se postaram próximas ao local
O enterro do menino Ryan da Silva Andrade Santos, de apenas 4 anos, na manhã desta quinta-feira (7), em Santos, foi ofuscado por uma presença ostensiva e, para muitos, intimidatória da Polícia Militar.
Desde o velório até o sepultamento, policiais cercaram os arredores da cerimônia, em uma atuação que, para familiares e ativistas presentes, simbolizou mais uma tentativa de controle e intimidação, mesmo diante do luto.
No cortejo pelo Morro São Bento, local onde Ryan foi morto durante uma ação policial na noite de terça-feira, uma viatura da PM chegou a bloquear o caminho de familiares e amigos. Em uma coletiva de imprensa, a corporação admitiu que o tiro fatal “possivelmente” partiu da arma de um policial.
Durante o velório, duas viaturas do 6º Batalhão de Polícia Militar do Interior se postaram próximas ao local, perto da entrada do morro, numa ação que só foi interrompida após intervenção de líderes de movimentos sociais e familiares, que questionaram os policiais até que estes recuassem.
O cenário agravou-se ainda mais quando uma viatura do Choque bloqueou novamente o cortejo, impedindo a passagem de carros e motos que acompanhavam o corpo de Ryan. Após o sepultamento, outra ação policial trouxe mais tensão ao local: uma abordagem agressiva a um motociclista na rua em frente ao cemitério gerou um novo confronto.
O ouvidor de Polícia, Claudio Aparecido da Silva, interveio e confrontou os agentes, questionando a necessidade e o propósito daquela presença. Ele anunciou que a Ouvidoria pretende recorrer ao ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), para solicitar o uso de câmeras corporais em todas as operações nas favelas, em uma tentativa de minimizar abusos e garantir a transparência.