PGR defende que STF torne réus policiais e militares acusados de tentativa de golpe

PGR pede que Supremo transforme em réus integrantes do terceiro núcleo da denúncia. Defesas contestam delação e competência da Corte

A Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou-se nesta terça-feira (18) a favor do recebimento da denúncia contra policiais e militares acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado. O Supremo Tribunal Federal (STF) deve decidir se transforma os denunciados em réus.

Segundo a PGR, a denúncia apresentada descreve com precisão os crimes e suas circunstâncias, detalhando a participação de cada denunciado. “A manifestação é pelo recebimento da denúncia”, afirmou o órgão.

As defesas dos acusados contestaram a validade da delação do tenente-coronel Mauro Cid e questionaram a competência do STF para julgar o caso. A PGR rebateu os argumentos, afirmando que a fase atual do processo não permite a discussão aprofundada do mérito e que as provas são sólidas o suficiente para o prosseguimento da ação.

A defesa de Estevam Gaspar de Oliveira alegou nulidade na obtenção das provas, argumentando que a Polícia Federal teria coagido o depoente a fornecer informações sobre uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro. A PGR refutou a acusação, destacando que os advogados do acusado não fizeram objeções ao interrogatório na época em que foi realizado.

Outro ponto levantado foi a suposta parcialidade dos ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino e Alexandre de Moraes. A PGR lembrou que o STF já analisou essa questão e rejeitou os pedidos de suspeição.

Os advogados também sustentaram que o caso deveria ser julgado pela Justiça Federal. A PGR argumentou que a competência do STF está confirmada, pois as condutas investigadas envolvem autoridades com foro privilegiado que atuavam para manter-se no poder.

Alegações de cerceamento de defesa e falta de acesso integral às provas também foram rechaçadas pela PGR. “O princípio do contraditório não se aplica ao inquérito policial”, sustentou a instituição.

Denunciados

A PGR denunciou os seguintes policiais e militares:

  • Bernardo Romão Correa Netto
  • Cleverson Ney Magalhães
  • Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
  • Fabrício Moreira de Bastos
  • Hélio Ferreira Lima
  • Márcio Nunes de Resende Júnior
  • Nilton Diniz Rodrigues
  • Rafael Martins de Oliveira
  • Rodrigo Bezerra de Azevedo
  • Ronald Ferreira de Araújo Júnior
  • Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
  • Wladimir Matos Soares

Cronologia

  • 5 de julho de 2022: Em reunião ministerial, Bolsonaro incita ministros a agir contra o sistema eleitoral.
  • 8 de novembro de 2022: Mauro Cid informa ao general Freire Gomes que Bolsonaro está sob pressão para agir.
  • 9 de novembro de 2022: “Plano Punhal Verde Amarelo” é impresso, prevendo o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes.
  • 12 de novembro de 2022: Militares começam a operacionalizar o golpe após reunião de Braga Netto com Mauro Cid.
  • 19 de novembro de 2022: Minuta golpista é apresentada a Bolsonaro no Alvorada.
  • 29 de novembro de 2022: Carta é disseminada entre militares para pressionar a adesão ao golpe.
  • 7 de dezembro de 2022: Bolsonaro apresenta nova versão da minuta aos comandantes militares.
  • 8 de dezembro de 2022: Militares ativam celulares destinados ao plano golpista.
  • 9 de dezembro de 2022: Bolsonaro encontra-se com Estevam Theóphilo e ajusta minuta golpista.
  • 14 de dezembro de 2022: Braga Netto chama Freire Gomes de “cagão” em mensagem sobre a adesão ao golpe.
  • 15 de dezembro de 2022: Militares se mobilizam para executar o plano, mas a tentativa é frustrada por falta de apoio do comandante do Exército.

O STF ainda precisa decidir se aceita a denúncia e torna os investigados réus no processo.

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