A PF busca consolidar evidências que reforcem a denúncia contra os envolvidos na trama golpista
O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, e Marcelo Câmara, ex-assessor especial de Jair Bolsonaro, prestarão depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (12). Ambos são alvos do inquérito que apura uma suposta trama golpista destinada a manter Bolsonaro no poder após sua derrota eleitoral.
As oitivas, determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), começam no início da tarde: Câmara será ouvido às 14h, seguido por Valdemar às 14h30.
O caso ganhou novos contornos após a Polícia Federal identificar o envolvimento do juiz federal Sandro Nunes Vieira, que trabalhou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022. De acordo com o relatório da PF, Vieira teria atuado de forma ilegal, assessorando o PL em sua ofensiva contra as urnas eletrônicas.
Mensagens encontradas no celular de Marcelo Câmara mostram discussões entre ele e o juiz sobre supostas fraudes nas urnas e ações do partido contra o resultado das eleições.
Em um dos diálogos, Vieira orienta Câmara a avisar Valdemar para evitar mencionar seu nome em relação às ações contra o sistema eleitoral. O alerta veio depois que Valdemar citou Vieira em uma entrevista em novembro de 2022, o que levou o magistrado a emitir uma nota negando qualquer vínculo com o partido.
Participação de Vieira
O relatório da PF não deixa dúvidas quanto à gravidade da conduta de Vieira. “Os elementos probatórios identificados pela investigação demonstram que Sandro Nunes Vieira atuou de forma ilegal e clandestina, ao assessorar o Partido Liberal na representação eleitoral contra as urnas eletrônicas”, afirma o documento.
A atuação do magistrado fere diretamente sua função e alimenta as suspeitas de que o PL buscou apoio institucional para sustentar narrativas golpistas.
Depoimentos estratégicos
A convocação de Valdemar e Câmara ocorre em um momento crítico das investigações. Ambos terão que esclarecer suas ligações com o magistrado e os detalhes das tratativas sobre as ações ilegais contra o sistema eleitoral.
A PF busca consolidar evidências que reforcem a denúncia contra os envolvidos na trama golpista, cujo alcance resultou no indiciamento de 40 pessoas, incluindo Jair Bolsonaro.
Apesar das graves acusações, o presidente do PL insiste em manter uma postura pública de negação. Sua presença no depoimento pode se tornar mais uma tentativa de minimizar sua responsabilidade ou desviar o foco do envolvimento do partido em manobras que, segundo a investigação, buscavam desestabilizar a democracia brasileira.