Chamado para prestar depoimento, Marçal negou responsabilidade direta e alegou que a postagem foi realizada por sua equipe
A Polícia Federal indiciou, nesta sexta-feira (8), o candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, do PRTB, acusado de usar um documento falso para atacar o adversário Guilherme Boulos (PSOL).
Às vésperas do primeiro turno, no dia 4 de outubro, Marçal divulgou nas redes sociais um suposto laudo médico com acusações que Boulos seria dependente químico.
No dia 7 de outubro, peritos confirmaram que a assinatura do médico José Roberto de Souza, usada no documento, é falsificada. Souza, que morreu em 2022, jamais trabalhou na clínica mencionada e nunca realizou esse tipo de atendimento, segundo sua filha, a oftalmologista Aline Garcia Souza.
A perícia ainda destacou que a assinatura falsificada não corresponde a nenhuma das amostras legítimas coletadas ao longo de anos de prática do médico.
O caso gerou um boletim de ocorrência registrado por Boulos no 89º Distrito Policial, no Morumbi, e provocou a abertura de um inquérito pela Polícia Federal.
O documento da perícia é contundente: “É FALSA a imagem da assinatura em nome do médico ‘JOSÉ ROBERTO DE SOUZA’ […], posto que tal assinatura não apresenta as mesmas características gráficas dos exemplares observados”. Os peritos, Nicia Harumi Koga, Marina Milanello do Amaral Pais e Raphael Parisotto, confirmam que o documento foi manipulado com a clara intenção de distorcer os fatos.
Defesa
A defesa de Marçal, contudo, tentou justificar o ocorrido alegando que o laudo falso seria apenas uma “livre manifestação do pensamento”, uma explicação que desafia a seriedade do processo eleitoral.
Em manifestação protocolada no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), os advogados afirmaram que Marçal “não fabricou nem manipulou o conteúdo veiculado, limitando-se a divulgá-lo como foi recebido”.
Apesar da gravidade do ato, a defesa ainda tentou argumentar que a divulgação do laudo falso não comprometeu o equilíbrio do pleito, alegando que, se tivesse afetado a integridade do processo, Boulos não teria chegado ao segundo turno.