Autoridades desconfiam de um possível conluio entre diretores da Abin escolhidos por Lula e integrantes da agência durante o governo Bolsonaro
De acordo com um parecer do procurador-geral da República, Paulo Gonet, o inquérito da “Abin paralela” deve investigar, nos próximos dias, possíveis interferência da cúpula do órgão — indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva — nas investigações. No processo, a Polícia Federal (PF) tem apurado um suposto esquema de espionagem ilegal de adversários políticos durante o governo de Jair Bolsonaro.
Após concentrar as últimas ações em membros da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão Bolsonaro, a PF agora planeja direcionar suas investigações para a cúpula da Abin nomeada durante o governo Lula. O foco está na apuração de um possível conluio entre diretores da Abin escolhidos por Lula e integrantes da agência durante o governo Bolsonaro, com o objetivo de obstruir as investigações sobre o uso do software “FirstMile” para monitorar adversários políticos.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), e a Procuradoria-Geral da República compartilham da desconfiança em relação à atual gestão da Abin. Ambos demonstraram preocupação com a resistência interna na agência. Em documentos que embasaram a última operação sobre a “Abin paralela” na semana passada, eles expressaram a necessidade de cautela no compartilhamento das informações da investigação da PF com a corregedoria atual da Abin, diante das circunstâncias identificadas dentro da agência.