Por Mino Pedrosa
A candidatura rumo ao Palácio do Buriti do empresário e político Paulo Octávio tem como pano de fundo uma artimanha ardilosa nada republicana. O discurso de lançamento da chapa PO e Felipe Belmonte na última semana foi uma manobra que pode custar mais de R$ 1 bilhão aos cofres do GDF (Governo do Distrito Federal).
Questionado no debate da TV Bandeirantes no domingo (7) sobre se haveria uma separação de sua relação empresarial com a política, PO, o empreiteiro alvo da operação Caixa de Pandora, mentiu e omitiu o seu verdadeiro interesse em governar o Distrito Federal.
Um projeto que está saindo da gaveta do governador Ibaneis Rocha está sendo cobiçado pela dupla de empresários conhecidos no ramo da construção civil de Brasília como garganta profunda. José Celso Gontijo, com a empresa JC Gontijo, e Paulo Octávio com a construtora que leva o seu nome.
Outro envolvido na operação Caixa de Pandora, JC Gontijo está com problemas financeiros na empresa que se agravaram após a perda de contratos junto com GDF por seu envolvimento em escândalos passados. Agora, articula com seu parceiro para abocanhar o cofre do GDF.
Na sexta-feira (5), após o lançamento da chapa de Paulo Octávio, o renomado advogado e candidato a vice na chapa de PO, Felipe Belmonte, convidou o senador Izalci Lucas (PSDB) para um jantar a fim de convencê-lo a desistir da disputa eleitoral e liberar Paula Belmonte, sua esposa, para assumir, em seu lugar, a posição de vice na chapa do empreiteiro.
O que Izalci não contava era com a presença de Paulo Octávio e de José Roberto Arruda no encontro. Belmonte disse ao parlamentar, contudo, que a candidatura do empresário teria R$ 200 milhões disponíveis para gastos de “toda natureza”, levando o senador a responder que sua candidatura não estava à venda.
No final de semana, após esta reunião, contudo, Paulo Octávio pôs à mesa de Ibaneis Rocha a fatura indecorosa, para se retirar da disputa. O empresário ofereceu abandonar as eleições em troca do bilionário projeto imobiliário que beneficia a sua empresa e a de JC Gontijo.
Publicado nesta quarta-feira (8), o Diário Oficial do Distrito Federal trouxe o chamamento público para a construção de 5.750 novas moradias no Recanto das Emas pela Codhab (Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal). Denominado Reserva do Parque, o empreendimento multimilionário já começa com um vício de origem, tendo suas cartas marcadas.
Mineiro e filho de dentista, Paulo Octávio chegou em Brasília na década de 1960 e teve uma carreira meteórica abocanhando milhões dos fundos de pensão a exemplo, do Funsef (da Caixa Econômica Federal), e construindo empreendimentos bancados com recursos públicos, deixando de ser um mero corretor de imóveis para se tornar um dos homens mais ricos da capital federal.
O recado a Ibaneis, porém, também veio com uma surpresa a Belmonte, considerado um dos principais inimigos políticos do governador. Na ardilosa manobra de PO, o defensor passaria a encabeçar a chapa contra o atual governador, sabendo que as chances de vitória seriam remotas.
O imbróglio político criado pelo empreiteiro é também defendido por José Roberto Arruda, que possui outros interesses. Defensor da desistência da candidatura de PO, Arruda almeja retornar ao Palácio do Buriti em 2026, mesmo que tenha que disputar com a sua esposa, Flávia Arruda, que deverá deixar o sobrenome logo após as eleições deste ano.
Flávia Péres, como será chamada após a separação, galgou nos braços dos caciques do Congresso Nacional, caindo no colo do presidente Jair Bolsonaro para virar ministra, o que causou uma ciumeira na 1ª dama, Michelle Bolsonaro.
No entanto, o faraônico empreendimento desnuda o falso político mostrando o seu verdadeiro perfil de empresário predador e ganancioso que se aproveita a pobreza alheia para enriquecer às custas dos impostos da população.
Não será surpresa, se nesta segunda-feira (15), prazo limite de registro das chapas, PO desista deixando o casal Belmonte a ver navios. O Custo dessa desistência poderá estar na fatura do GDF no próximo ano.