Pacote de corte de gastos começa a causar racha dentro do PT

O deputado Emídio de Souza (PT-SP), próximo a Lula e ao ministro da Fazenda Fernando Haddad, criticou abertamente o manifesto

O Partido dos Trabalhadores (PT), ao lado de várias entidades de movimentos sociais e sindicais, divulgou um manifesto contestando a pressão para cortar gastos públicos, movimento que alguns parlamentares do próprio partido veem com ceticismo.

O documento critica fortemente a “pressão do capital financeiro e de seus porta-vozes na mídia” pela revisão de despesas obrigatórias, e conta com o apoio de outras legendas como PDT, PSOL e PCdoB, tradicionais aliadas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O texto afirma que “o poder financeiro, os mercados e seus porta-vozes na mídia” promovem o “fantasma de uma crise fiscal inexistente” em meio ao que o manifesto chama de uma retomada dos fundamentos econômicos “destruídos pelo governo anterior”.

A peça expressa oposição a qualquer redução de recursos para programas sociais, e denuncia que as medidas propostas atingiriam conquistas históricas, como o reajuste real do salário-mínimo, direitos vinculados ao FGTS, e os pisos da Saúde e Educação.

A retórica é combativa: o documento acusa de “hipocrisia e chantagem” os que defendem o corte de recursos públicos, afirmando que isso levaria o país de volta a um passado de exclusão e injustiça, contra o qual os movimentos sociais lutam há anos.

Entretanto, dentro do PT, nem todos aprovam a postura da legenda. O deputado Emídio de Souza (PT-SP), próximo a Lula e ao ministro da Fazenda Fernando Haddad, criticou abertamente o manifesto. Segundo ele, o PT “não pode se comportar como oposição ao governo” e deve reconhecer as limitações orçamentárias do país. Em declaração nas redes sociais, afirmou que, “sendo o principal partido que conduz o governo, era de se esperar outra postura. Não estamos apenas no governo; somos o próprio governo”.

Emídio reiterou que o PT não deveria agir como se fosse um movimento social desvinculado das responsabilidades de gestão, e criticou aqueles que minimizam a necessidade de ajustes como se fossem meros “caprichos do mercado”.

Enquanto isso, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, reagiu publicamente contra editoriais de jornais que apoiam os cortes, acusando-os de tentar impor sacrifícios aos aposentados, trabalhadores, saúde e educação.

“Esses sacrifícios podem combinar com o neoliberalismo do governo passado, mas não com o governo que foi eleito para reconstruir o país”, argumentou Hoffmann. Ela também criticou a “pressão desmedida dos mercados e da mídia” e apoiou a cautela do presidente Lula em resistir a essas pressões, afirmando que o caminho para o crescimento passa por mais crédito e investimento, e não pela submissão aos interesses financeiros.

Fatos Online

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