Uma rocambolesca história de fraude e corrupção vem sendo desvendada pelo MPDFT e coloca o empresário Paulo Octávio em xeque
Por Mino Pedrosa
Em uma manhã envolta por um céu ainda tomado por sombras e nuvens carregadas, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), despertaram a “bela adormecida” com um espetáculo policial que poderia inspirar os mais sinistros filmes de terror. O visado era o influente empresário e político, Paulo Octávio, um aliado próximo do governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) e presidente regional do PSD.
Nesta segunda (25), uma operação deflagrada visou a residência e as empresas de Paulo Octávio, tendo sido instigada por acusações de dispensa indevida de licitação e fraude em contratos de aluguel dentro da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), especificamente na contratação do edifício P.O 700. Esta investigação, longe de ser um episódio isolado, arrasta-se por um considerável período.
A envergadura do escândalo é vasta, com o aluguel mensal do edifício somando mais de R$ 750 mil, além de despesas com condomínio e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), culminando em uma quantia próxima a R$ 1 milhão. A trama se intensifica com a revelação de que André Clemente, então Secretário de Economia do DF, concedeu a Paulo Octávio, conhecido nas esferas de poder como “Paulo Merenda”, acesso irrestrito aos recursos da Secretaria de Saúde, por intermédio de Beatris Gautério de Lima, figura notória por suas manobras em licitações durante sua passagem pelo Ministério da Saúde.
Nomeada por Clemente para gerir o Fundo da Saúde do DF, Beatris foi a artífice do controverso contrato de locação, e à sua contratação por Paulo Octávio, e tendo como prémio a sua entrada na folha de pagamento do empresário. Diante dessa intricada rede de relações e contratos, o MPDFT aguçou sua vigilância, expandindo o escopo de sua investigação para abranger outras transações suspeitas entre as empresas de Paulo Octávio e o Governo do Distrito Federal (GDF).
Em um cenário marcado por acordos subterrâneos e campanhas eleitorais desanimadas, Paulo Octávio posicionou-se como um peão na xadrez política de Ibaneis Rocha, aspirando a contratos governamentais lucrativos em troca de sua aparente inércia eleitoral. Essa estratégia, embora lucrativa, agora se vê ameaçada por investigações conduzidas pela promotoria de saúde, que, alertada por deputados distritais, põe em xeque a legitimidade dos valores envolvidos nos contratos de aluguel.
Com a Secretaria de Saúde sob o comando de Lucilene Florêncio, e uma atmosfera de tensão crescente que ameaça desencadear um escândalo de proporções explosivas, o governo de Ibaneis Rocha enfrenta uma crise iminente, com o risco de ver altos funcionários atrás das grades, um desdobramento já familiar no cenário político distrital, especialmente entre os servidores da saúde.