O Pezão e o Mão Grande: em busca do monopólio visual

Super-secretário do Governo do Distrito Federal, José Humberto Pires, conhecido como “Pezão”, atua em benefício do sobrinho em parceria com “Gato de Botas”, Gim Argello

Por Mino Pedrosa

 

O super-secretário do Governo do Distrito Federal (GDF), José Humberto Pires, amplamente conhecido como “Pezão”, e o ex-senador Gim Argello, apelidado de “Gato de Botas” – que foi preso por corrupção na operação Lava Jato, permanecendo quase três anos no cárcere e recentemente absolvido em uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que anulou a condenação – estão no centro de um esquema polêmico envolvendo milhões de reais em painéis de publicidade.

A parceria visa beneficiar diretamente o sobrinho de Pezão, Antônio Araújo, sócio do empresário Luis Felipe Argello, mais conhecido como “Loli”, filho de Gim, por meio de mudanças estratégicas no Plano Diretor de Publicidade, que regulamenta a instalação de engenhos publicitários nas regiões do Plano Piloto, Cruzeiro, Candangolândia, Lago Sul e Lago Norte.

Em 2022, uma alteração na Lei 3035/02, através da emenda 6639/20, permitiu que Loli instalasse painéis de LED na fachada do Conic, beneficiando diretamente o clã Argello. Recentemente, em 2024, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou uma nova lei, de forma unânime, que estendia os mesmos benefícios para as partes posterior e lateral do Conic. No entanto, contrariando a posição adotada em 2022, o GDF vetou integralmente o projeto, alegando “vício de iniciativa”.

Para contornar a situação, o GDF criou uma comissão com a missão de regulamentar os engenhos publicitários em Brasília, liderada por Zé Humberto, o influente Pezão. O vínculo entre Pezão e Loli, sócio de seu sobrinho em empresas de publicidade, deixou claro que o resultado da comissão favoreceria o clã Argello, gerando revolta na CLDF e em todo o setor de mídia exterior, que conta com cerca de 200 empresas e centenas de funcionários.

Deputados locais, surpresos com o favorecimento direto a um grupo restrito, já declararam que, se o projeto chegar à CLDF, será rechaçado. Enquanto isso, o descontentamento entre os empresários cresce, e a tensão política entre o Buriti e a CLDF atinge um ponto crítico, prenunciando uma verdadeira tempestade política que ameaça desestabilizar as relações institucionais do governo do DF.

Pezão e o Gato de Botas atuam fortemente nos bastidores, sem o conhecimento do governador Ibaneis, mas a manobra técnica, já em minuta, demonstra o interesse da dupla no milionário mercado. A intenção posterior é estender a lei para todo o Distrito Federal, onde as empresas familiares ficarão com o monopólio.

Mino Pedrosa

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