Nova alta da inflação pode impulsionar aumento da Selic

Com aumento de 0,54%, o índice pressiona o Copom a reconsiderar a Selic em reunião marcada para os dias 5 e 6 de novembro

O avanço do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) em outubro, que registrou uma alta de 0,54%, acendeu um novo alerta sobre a necessidade de uma ação mais rigorosa do Banco Central (BC). O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá nos dias 5 e 6 de novembro para decidir o novo patamar da taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano após um aumento na última reunião em setembro.

Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 24 de outubro, superaram as expectativas do mercado, refletindo uma aceleração considerável em relação à alta de 0,13% registrada em setembro. Especialistas avaliam que a persistência da alta dos preços sugere que a inflação está se mostrando mais resistente do que o esperado, levando o BC a considerar ajustes mais agressivos na Selic.

Dos nove grupos pesquisados, oito apresentaram aumento, evidenciando que a inflação pode se aproximar do teto da meta estabelecida para 2024, que tem como centro 3% e variação de 1,5 ponto percentual, permitindo oscilações entre 1,5% e 4,5%.

Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, destacou que o aumento nos preços de habitação e alimentos está pressionando o custo de vida, obrigando o BC a manter uma postura rigorosa em relação à taxa de juros. Ele sugere a possibilidade de um aumento de 0,50% na próxima reunião, o que elevaria a Selic para 12,25% ao ano.

Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, concorda que a aceleração do IPCA-15 aponta para uma pressão inflacionária mais intensa do que a esperada. Ele ressalta que essa situação pode forçar o BC a reavaliar a velocidade dos cortes na taxa de juros, o que poderia impactar o câmbio e as expectativas do mercado.

João Kepler, CEO do Equity Fund Group, analisa que a alta do IPCA-15 representa um desafio significativo para o Banco Central, que precisa equilibrar a desaceleração econômica com o controle da inflação. Ele menciona que a aproximação do teto da meta inflacionária pode levar o BC a adotar uma postura cautelosa nas próximas reuniões.

Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest, complementa que o cenário reforça as preocupações com a persistência das pressões inflacionárias, especialmente em itens essenciais como energia, que impactam diretamente o custo de vida das famílias. Andrade enfatiza que essa situação exige uma abordagem mais cautelosa do Banco Central em relação a cortes na Selic, além de destacar os desequilíbrios no mercado de energia que dificultam a implementação de soluções de longo prazo.

Os dados do IPCA-15 foram coletados entre 14 de setembro e 11 de outubro de 2024, refletindo preços de famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos em diversas regiões metropolitanas do Brasil. De acordo com a inflação acumulada até setembro, o índice alcançou 4,42%, próximo do teto da meta de 4,5%.

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