Praticamente todos os municípios litorâneos baianos apresentam taxas acima de 47 homicídios por 100 mil habitantes
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgaram o Atlas da Violência 2024 revelaram uma discrepância do número de homicídios no Norte e Nordeste do país, quando comparados com as demais regiões do país. De acordo com o relatório, os setores apresentam as maiores taxas de homicídios registrados e estimados por 100 mil habitantes. Além disso, os índices registrados estão muito acima da média nacional. A pesquisa foi divulgada nesta terça-feira (18).
No Norte, o Amazonas registra a maior taxa de homicídios estimados, alcançando 43,5 por 100 mil habitantes. O relatório destaca a presença de ao menos dez organizações criminosas na região, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), que têm expandido suas operações para o Norte nas últimas décadas, intensificando os índices de violência.
A análise revela dois cenários distintos no Amazonas, que acarretam no aumento da violência: altas taxas de homicídios em cidades próximas à capital Manaus, como Iranduba e Coari, e elevada violência em municípios fronteiriços, como Tabatinga, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. A infraestrutura estratégica de Manaus, com seu porto e aeroporto, contribui para que a capital e os arredores sejam frequentemente palco de conflitos relacionados ao tráfico de drogas, grilagem de terras, exploração ilegal de recursos naturais e invasões de terras indígenas. O padrão também se repete em cidades fronteiriças.
No Nordeste, a Bahia se destaca como o estado com a maior taxa de homicídios, atingindo 46,8 por 100 mil habitantes. O relatório aponta que praticamente todos os municípios litorâneos baianos apresentam taxas acima de 47 homicídios por 100 mil habitantes. Entre as capitais e grandes cidades, Salvador lidera com uma taxa de 66,4 homicídios estimados por 100 mil habitantes, seguida por Feira de Santana, com 66,0.
Números
Em 2022, o Brasil registrou um total de 46.409 homicídios, mantendo uma taxa de 21,7 homicídios por 100 mil habitantes, o mesmo índice observado em 2019. Houve uma leve redução de 3,6% em comparação com 2021, quando a taxa foi de 22,5 mortes por 100 mil habitantes.
Entre as capitais brasileiras, Salvador lidera com a maior taxa de homicídios estimados por 100 mil habitantes, atingindo 66,4. Em seguida, aparecem Macapá (55,8), Manaus (55,7), Porto Velho (47,6) e Fortaleza (45,3). Completam as 12 capitais com maiores taxas: Recife (44,7), Aracaju (41,8), Maceió (41,5), Teresina (40,4), Boa Vista (39,2), Natal (36,9) e Palmas (32,0). Porto Alegre, fora das regiões Norte e Nordeste, apresenta uma taxa de 29,9 homicídios estimados por 100 mil habitantes.
As regiões Norte e Nordeste têm esboçado padrões semelhantes, com um aumento significativo dos crimes de homicídio a partir de 2014, além de um pico próximo de 50 mortes por 100 mil habitantes em 2017. Adicionalmente, ambas as regiões registraram declínios de 2018 a 2022. O Nordeste, entretanto, experimentou um breve aumento de 2019 para 2020. Já em 2022, tanto o Norte quanto o Nordeste alcançaram a mesma taxa de homicídios, com 34,7 por 100 mil habitantes.
Entre as demais capitais, o Rio de Janeiro apresentou uma taxa de homicídios de 21,3, seguido por Belo Horizonte com 17,6 e São Paulo com 15,4. Florianópolis registrou a menor taxa de homicídios por habitantes entre as capitais, com 8,9. Vale ressaltar que, segundo o Atlas, os dados podem não refletir o cenário real, a depender de como são lançados pelas gestões estaduais no sistema.