MP rebate depoimento de Lessa e Élcio: ‘Eles não estão arrependidos’

A acusação enfatizou a frieza com que Lessa descreveu o assassinato, pedindo ao júri que condene os dois

O segundo dia do julgamento dos ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de matar a vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, começou com duras críticas do Ministério Público.

O promotor de Justiça Fábio Vieira não hesitou em classificar como uma “farsa” o depoimento de ambos, dado ao júri na noite anterior. Segundo Vieira, os réus não demonstram qualquer arrependimento, lamentando apenas o fato de terem sido capturados. A acusação enfatizou a frieza com que Lessa descreveu o assassinato, pedindo ao júri que condene os dois.

“O que vocês viram ontem no interrogatório foi uma farsa. Eles não estão arrependidos, só lamentam por terem sido pegos. Em nenhum momento, um deles se apresentou voluntariamente para confessar”, afirmou Vieira. “Eles só admitiram o crime quando as provas no processo – frutos do árduo trabalho do Ministério Público, da polícia, e de outros segmentos envolvidos – tornaram inevitável a conclusão de que eles eram os responsáveis. Isso não é arrependimento; é a resposta de um sociopata, sem empatia, sem valores”, completou.

A audiência, inicialmente programada para encerrar na madrugada, foi interrompida após mais de 13 horas de depoimentos transmitidos por videoconferência, com a previsão de que o veredito seja proferido ainda hoje.

A família de Marielle acompanhou as sessões no 4º Tribunal do Júri, onde a irmã de Marielle e atual ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, lamentou a indiferença com que Lessa relatou detalhes da execução.

“Cada foto, cada áudio, cada depoimento rasga a gente por dentro. A forma fria e insensível com que eles falam dos detalhes do crime, como se estivessem rasgando uma folha de papel, nos afeta profundamente. Passamos uma noite sem dormir, apreensivos, e estamos aqui na esperança de que hoje tenhamos uma sentença”, disse Anielle.

Os depoimentos de Lessa e Élcio foram marcados por uma insensibilidade que chocou o público presente. Lessa, com uma naturalidade inquietante, descreveu como planejou e executou o crime, incluindo os momentos prévios aos disparos e a escolha de mirar diretamente na cabeça da vereadora.

O promotor Eduardo Moraes criticou a tentativa dos réus de simular arrependimento, argumentando que sua colaboração se deu apenas na tentativa de obter uma redução de pena.

Fatos Online

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on telegram