Durante depoimento à PF, Tagliaferro se negou a entregar o aparelho celular de forma voluntária
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, negou pedido de seu ex-assessor Eduardo Tagliaferro para que seu aparelho de telefone fosse devolvido.
O celular de Tagliaferro foi apreendido pela Polícia Federal (PF) por determinação de Moraes durante depoimento prestado na semana passada no inquérito que apura o vazamento das conversas, nas quais apontam uma possível atuação do ministro Alexandre de Moraes fora do rito.
Após a apreensão do celular, a defesa de Eduardo Tagliaferro afirmou que a medida não é comum durante depoimentos. “Mais uma situação em que o abuso de autoridade e o excesso de poder salta aos olhos”, declarou o advogado Eduardo Kuntz.
Dias depois, Tagliaferro pediu seus bens de volta, mas Moraes negou: “Indefiro o pedido, por confuso, sem fundamentação e absolutamente impertinente”, disse Moraes.
Conversas vazadas de Moraes
Segundo as informações do jornal Folha de São Paulo, mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp entre o chefe de gabinete de Moraes, Airton Vieira e o ex-assessor de Moras, Eduardo Tagliaferro, revelam que pedidos informais foram feitos para investigar e abastecer o inquérito no STF, frequentemente sem registros oficiais desses pedidos.
Esses relatórios foram usados para basear ações como cancelamento de passaportes e bloqueio de redes sociais de indivíduos associados a Bolsonaro.
O material analisado inclui diálogos onde assessores expressam a urgência e a irritação de Moraes com a demora na produção dos relatórios solicitados. “Vocês querem que eu faça o laudo?”, reclama Moraes em uma das reproduções.