Maquiagem na cara de pau rumo a 2026

A linha tênue entre a caridade e a autopromoção ficou muito evidente com a tragédia no RS. Em Brasília, a primeira-dama Mayara Noronha parece não ter se dado conta disso

Por Mino Pedrosa

 

Passar vergonha ou fazer vergonha alheia parece não ser uma das coisas a ser evitadas pela primeira-dama Mayara Noronha. Do mesmo tanto quanto a vontade dela de ser candidata nas próximas eleições. Nos últimos dias, ela coleciona episódios que fariam enrubescer as faces mais polidas da sociedade brasiliense. Há mais de duas semanas, ela “lidera” uma campanha de arrecadação de donativos para as vítimas do Sul. Mobiliza a estrutura governamental para o projeto próprio e no meio da dor do outro, cola ainda mais constrangimento à já não tão ilibada imagem do Governo do Distrito Federal.

Falando pela Força Aérea Brasileira (FAB), ela soltou “nota oficial” dizendo, na 3a pessoa do plural que estavam suspendendo o recebimento de doações da campanha “Brasília Pelo Sul” devido à capacidade máxima dos galpões gigantescos da Base Aérea e do Corpo de Bombeiros. Assinou como chefe-executiva de Políticas Sociais, cargo que se deu para poder fazer suas patacoadas com a chancela oficial do governo.

Antes disso, sem pedir autorização, levou repórteres e fez vídeos com memes em meio ao trabalho árduo de arrecadação dos donativos. Não demorou muito para despertar a ira dos militares, que fizeram questão de dizer que “diferente do que a Chefia-Executiva de Políticas Sociais do GDF divulgou” não está suspenso o recebimento de doações da campanha “Todos Unidos pelo Sul”. Em letras garrafais e em negrito, a nota termina com o slogan Força Aérea Brasileira; SEMPRE PRESENTE ONDE O BRASIL PRECISAR.

No fim do dia, para minimizar o vexame, fizeram ela dar uma entrevista coletiva disfarçada de esclarecimentos sobre como doar e anunciando que o governo iria abrir mais 5 itens de armazenamento dos itens. O Corpo de Bombeiros também desmentiu a “nota oficial” sutilmente apagada das redes sociais. Dias depois, ela abriu a Residência Oficial de Águas Claras (ROAC) para receber os donativos, que a partir de então só saem para a FAB após receberem um papel pregado nas caixas com a logomarca da campanha dela.

O perfil da primeira-dama nas redes sociais, aliás, é um capítulo à parte. Há dias atras teve publicado um vídeo da madame fazendo propaganda para um espaço de fotos, em meio a um ensaio dela própria de fazer inveja às melhores modelos internacionais.

Mais recentemente, um story lamentando a morte de um paciente do Hospital da Criança. Sobre a morte de cinco crianças na rede pública por negligência médica em menos de um mês, ela preferiu seguir o exemplo do marido: optou pelo silêncio ensurdecedor da omissão.

A verdade é que esse tipo de ação solidária junto à saúde, desgasta a candidata com um futuro eleitorado. Mayara prefere a maquiagem e o bom sorriso no rosto, do que a tristeza de uma realidade caótica.

 

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