Mãe de Marielle diz ter sido contra entrada da filha na política

Para a mãe, o ano da morte de Marielle foi o ápice de sua atuação como parlamentar

Marinete Silva, mãe de Marielle Franco, foi a segunda testemunha de acusação convocada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro a depor nesta quarta-feira (30), no julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, acusados pela execução da vereadora. Marinete relembrou que, inicialmente, foi contra a candidatura da filha ao cargo público.

“Eu não tinha um pressentimento positivo sobre o mandato”, confessou Marinete, relatando que sua filha enfrentava um caminho arriscado. Mesmo com as preocupações, ela afirmou ter compreendido a escolha de Marielle, que enxergava o cargo como um passo importante em sua luta pelos direitos humanos. “Marielle vinha de um lugar de entendimento profundo sobre direitos humanos e fez valer sua voz quando assumiu aquele lugar.”

Descrevendo a filha como uma mulher de personalidade forte e decisões firmes, Marinete comentou que, com 38 anos, Marielle tinha plena autonomia sobre sua trajetória. “Ela sempre foi uma filha obediente, mas era uma mulher decidida. O partido não tinha nenhuma outra mulher negra candidata, e depois de uma década na Comissão de Direitos Humanos, ela acreditou que poderia ir além e escolheu lutar por aqueles que precisavam,” lembrou Marinete, referindo-se ao compromisso que Marielle demonstrava ao longo do mandato.

Para a mãe, o ano da morte de Marielle foi o ápice de sua atuação como parlamentar. “Ela estava fazendo o que acreditava: defender as pessoas. E estava recebendo o reconhecimento pelo seu trabalho, transformando aquele espaço,” afirmou, deixando claro o orgulho e a dor de ter perdido a filha em meio à ascensão de seu trabalho.

Marinete ainda descreveu os desafios enfrentados após o assassinato: as notícias falsas e os ataques implacáveis que tentaram manchar a memória da vereadora. “Foi muito sofrimento, tantas mentiras, tanto ódio. Chegaram a dizer: ‘foi pouco, ela poderia ter sido queimada’. Isso foi extremamente doloroso, mas eu nunca desisti de chegar a este dia.”

Marinete contou que, após a morte de Marielle, viveu momentos de descrença, em um estado quase irreal diante da tragédia. “Era como viver em um conto de fadas sombrio. Não queria acreditar que aquilo era real, mas não estou aqui para questionar os propósitos de Deus.”

O depoimento de Marinete durou cerca de 40 minutos.

Fatos Online

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on telegram