Com essas indicações, Lula terá nomeado seis dos nove integrantes do comitê, alterando a dinâmica da autarquia
Na próxima semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviará ao Senado Federal os nomes dos três novos diretores indicados para o Banco Central (BC).
A decisão marca uma mudança na composição do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão responsável por definir a taxa básica de juros da economia, a Selic. Se aprovadas pelo Senado, as indicações consolidarão a maioria de Lula entre os membros da diretoria, suscitando preocupações sobre a independência do BC.
Os indicados são Nilton David, para a diretoria de Política Monetária; Izabela Correa, para Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta; e Gilneu Vivan, para a diretoria de Regulação.
O impacto das indicações
As mudanças ocorrem em um momento de tensão entre o governo e o Banco Central, com críticas frequentes de Lula ao patamar atual da Selic, fixado em 10,75% ao ano.
Com essas indicações, Lula terá nomeado seis dos nove integrantes do comitê, alterando significativamente sua dinâmica. Embora o governo argumente que a reformulação é natural diante do término dos mandatos do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e de dois diretores, críticos avaliam que a movimentação reforça uma tentativa de moldar a política monetária ao interesse do Executivo, em detrimento do compromisso técnico e autônomo da instituição.
Conheça os indicados
Nilton David
Chefe de Operações de Tesouraria do Bradesco, Nilton David tem formação em Engenharia de Produção pela USP e ampla experiência no mercado financeiro. Sua indicação substitui Gabriel Galípolo, que assumirá a presidência do Banco Central. Apesar de seu histórico em instituições privadas, analistas questionam se sua visão estará alinhada às demandas técnicas ou aos interesses do governo, dado o contexto das críticas à política de juros.
Izabela Correa
Servidora do BC desde 2006 e atualmente na Controladoria-Geral da União, Izabela possui doutorado pela London School of Economics e experiência acadêmica em Oxford. Embora qualificada, sua escolha para Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, cargo que tradicionalmente tem menor influência no Copom, é vista por alguns como uma tentativa de Lula de inserir quadros de perfil técnico alinhados ao governo, sem provocar resistência excessiva.
Gilneu Vivan
Servindo no BC desde 1994, Vivan é chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro e possui sólida formação em economia. Sua indicação para a diretoria de Regulação segue a prática histórica de preencher o cargo com técnicos da casa, mas críticos ponderam que sua atuação futura precisará ser monitorada, especialmente em um contexto de maior influência do governo sobre o BC.