Lula e Alckmin relembram trajetória de Silvio Santos

Lula relembrou como Silvio Santos contornou o rombo financeiro no Banco Pan-Americano; Alckmin falou sobre caso de sequestro ocorrido em 2001 na casa do apresentador

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou sobre a morte do apresentador e empresário Silvio Santos. Lula expressou que “há pessoas que não morrem” e considerou que Silvio era uma dessas pessoas. Já o vice-presidente, Geraldo Alckmin, relembrou da capacidade que Silvio Santos tinha de tornar a atmosfera leve. O vice-presidente recordou do episódio em que o empresário foi sequestrado em São Paulo, período em que Alckmin atuava como governador do estado.

Lula elogiou Silvio Santos como o melhor apresentador de televisão do Brasil, destacando sua importância na mídia e lembrando a disputa presidencial de 1989, quando ambos foram candidatos. Ele também ressaltou a seriedade com que Silvio lidou com as irregularidades no Banco Pan-Americano.

“Silvio Santos foi, sem dúvida, o melhor apresentador de televisão deste país. Junto com Chacrinha, não há ninguém que chegue perto deles. Quem tem a minha idade passou metade da vida assistindo Silvio Santos”, disse Lula aos jornalistas durante sua visita à sala de situação que acompanha o Concurso Nacional Unificado (CNU) na Dataprev.

Lula refletiu sobre a morte de Silvio, acreditando que ele não morreu verdadeiramente, mas fez uma “viagem” para um mundo melhor e mais justo. “Acredito que as pessoas que admiramos permanecem conosco em pensamento”, afirmou.

Lula lembrou ainda de momentos pessoais com Silvio Santos, incluindo a disputa presidencial em que perdeu para ele. Silvio, na época, teve sua candidatura barrada por ser dono de uma emissora de televisão.

Banco Pan-Americano

O presidente elogiou a forma como Silvio lidou com o rombo financeiro de R$ 4 bilhões no Banco Pan-Americano, que quase levou à venda do Grupo Silvio Santos. O banco foi vendido ao BTG Pactual em 2011.

“Quando o Banco Pan-Americano sofreu aquele golpe, Silvio Santos me procurou, muito preocupado e temendo ser preso. Eu o tranquilizei, dizendo que não havia motivo para prisão e que faríamos uma investigação com o apoio do Banco Central e do Ministério da Fazenda para resolver o problema. E, de fato, o problema foi solucionado”, lembrou Lula.

O presidente também elogiou a honestidade de Silvio Santos, que ofereceu o SBT como garantia para enfrentar a crise financeira do banco. “Ele contava sua história no próprio programa sem vergonha. Silvio era um homem de caráter, respeitoso, e que não falava mal do governo, independentemente de quem estivesse no poder”, concluiu Lula.

Alckmin recorda sequestro de Silvio Santos em 2001

Além dos comentários de Lula, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, também fez declarações sobre Silvio Santos. Em entrevista à CNN, Alckmin recordou a participação nas negociações para liberar Silvio Santos, que foi feito refém na própria casa em 2001. Na época, Alckmin era governador do estado de São Paulo. Silvio ficou cerca de sete horas como refém de um homem que havia sequestrado sua filha, Patrícia Abravanel. O criminoso exigiu a presença do governador para se render, conforme relatou Alckmin.

O caso teve início quando Patrícia foi sequestrada por um grupo de três criminosos. Durante a operação de resgate, houve um confronto com a polícia, resultando em um dos sequestradores sendo baleado, mas conseguindo escapar. Patrícia foi eventualmente liberada, mas a situação tomou um novo rumo quando, dois dias depois, Fernando Dutra Pinto, um dos sequestradores, invadiu a casa de Silvio Santos e o fez refém.

A abordagem inicial da polícia indicava que o sequestrador poderia estar tentando forçar Silvio Santos a ajudá-lo a escapar de São Paulo, especialmente após ter ferido um policial. A tensão aumentou quando uma jornalista, que estava na porta da casa para obter uma declaração sobre o sequestro da filha, notou a situação e avisou a polícia. A casa de Silvio Santos foi rapidamente cercada, criando um cenário com o sequestrador mantendo duas armas apontadas para a cabeça do apresentador.

Alckmin, que era o governador de São Paulo na época, acompanhava a situação de perto com o secretário da Segurança Pública. Às 10h30, o secretário informou que Silvio Santos havia usado um telefone celular para pedir que Alckmin fosse até o local. O empresário havia sugerido que a presença do governador poderia levar o sequestrador a se entregar. No entanto, houve uma hesitação inicial quanto à decisão de Alckmin de ir ao local, pois isso poderia abrir um precedente perigoso, de acordo com as autoridades de segurança pública da época.

Após uma esperar por cerca de 7 horas, conforme o relato do vice-presidente, Alckmin decidiu ir até a residência, contrariando as recomendações. Chegando à casa, encontrou a cena sob controle dos policiais e se dirigiu rapidamente ao cômodo onde Silvio Santos e o sequestrador estavam. Alckmin se apresentou ao sequestrador e, com a ajuda do capitão De Luca, chefe da operação antissequestro da polícia militar, supervisionou a negociação.

“Aí entrou em cena o Silvio Santos. Dizendo: doutor Geraldo, esse rapaz é ótimo, ele vai fazer faculdade. Enfim, Silvio Santos sempre com uma capacidade de entreter, de conversar, de convencer impressionante. Falei, olha, já estou passando aqui para o capitão De Luca, ele vai comandar a operação e eu vou ficar aqui do lado, do lado. Aí ele deu as instruções, desarmar, tirar todas as munições, abrir a porta, jogar a arma e as munições. Isso foi feito, eles já não deixaram a porta fechar, já entraram. O sequestrador foi preso, e o Silvio Santos libertado. E eu me lembro de um fato, ele tinha um ferimento, o sequestrador, e o Silvio Santos prometeu dar umas roupas pra ele”, disse Alckmin.

Em seguida, Silvio providenciou as roupas, e o homem foi preso.

Fatos Online

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on telegram