Licitações: A lupa e a ampola

Investigações focadas na milionária conta publicitária do governo federal podem desvendar uma manobra ardilosa e criminosa direcionada a uma das agência concorrentes

Por Mino Pedrosa

 

A investigação da Polícia Federal (PF) sobre o cientista político e lobista, professor Antônio Lavareda, aberta a partir de movimentações atípicas identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) do Ministério da Fazenda, detonou uma briga pública entre Lavareda e uma poderosa família de Pernambuco (os Macêdos) e ex-sócios que litigam até hoje na Justiça.

Os Macêdos foram os autores da denúncia ao COAF, que observou que dois dos três denunciantes também tinham movimentações atípicas. O relatório do COAF afirmou que, em dois dias, 24 e 25 de julho, a conta de Lavareda teve 15 transações fracionadas, totalizando R$ 139 mil.

O mestre Antônio Lavareda, alinhado com a comissão de licitação que julgará a concorrência do Ministério das Comunicações (MCom), está no centro de um escândalo de corrupção que abalará a República nos próximos meses.

Com o baralho na mesa e cartas marcadas, a entrega das propostas aconteceu nesta semana, com a participação de 17 agências de publicidade de norte a sul do Brasil. A Comissão de Licitação tem como integrantes:

  1. Lumárya Souza de Sousa – SIAPE 3345633
  2. Rafaela Calado e Silva Mello – SIAPE 3324035
  3. Fabrício Lazzarini Carbonel – SIAPE 3330301

A comissão, responsável por avaliar as propostas, é suspeita de estar envolvida em um esquema de pagamento de propinas. As duas integrantes femininas, Lumárya Souza de Sousa e Rafaela Calado e Silva Mello, podem enfrentar sérias consequências, incluindo a possibilidade de prisão, caso as investigações confirmem sua participação no conluio.

As agências participantes da licitação do MCom são:

  1. Ágil
  2. Agência Um
  3. Binder
  4. Cálix
  5. CC&P
  6. Caveat (Couvert)
  7. DeBritto
  8. Digital
  9. Duke
  10. Escala
  11. Fazenda
  12. FullDesign
  13. Matriz
  14. Nacional
  15. Octopus
  16. Puxe
  17. Radiola

Otávio Nunes, marqueteiro do Ministro Fernando Haddad, tenta nos bastidores emplacar a agência Puxe na concorrência. No entanto, Lavareda já se posicionou em conversa com o ministro Juscelino Filho contra a divisão da conta publicitária com Otávio, buscando garantir que sua agência, a CC&P, juntamente com a Digital Comunicação, sejam as duas vencedoras da concorrência do MCom.

Informações revelam que o inquérito contra Lavareda ainda não foi arquivado porque o Ministério Público ainda não se manifestou sobre a conclusão da investigação.

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público estão investigando as atividades de Lavareda e a comissão de licitação. Documentos revelam que Lavareda pode ter usado sua influência para manipular a comissão, garantindo contratos milionários de publicidade governamental para suas agências de forma ilícita ao longo dos anos.

O Ministério das Comunicações, comandado pelo Ministro Juscelino Filho (União Brasil – MA), ainda tem outras duas licitações em andamento: para escolher as agências para a comunicação digital e para a agência corporativa. Essas licitações também estão sendo observadas de perto pela PF para garantir a transparência e a lisura dos processos.

Toda essa rocambolesca história que mexe com os cofres públicos tem o tic-tac de uma bomba que está prestes a explodir, causando uma destruição a tempos não vista na Esplanada dos Ministérios.

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