Delgatti afirmou que Bolsonaro disse ter obtido, por meio de “agentes estrangeiros”, uma gravação do ministro Alexandre de Moraes, do STF
A 1ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) confirmou, na última quinta-feira (7), a condenação do hacker Walter Delgatti Neto por calúnia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O tribunal negou o recurso de Delgatti, mantendo a sentença da 3ª Vara Criminal de Brasília, que o considerou culpado por acusar Bolsonaro de envolvimento em interceptação telefônica ilegal. O hacker foi sentenciado a 10 meses e 20 dias de prisão em regime semiaberto, além do pagamento de uma multa equivalente a 17 dias de salário mínimo.
Durante seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Antidemocráticos em 2023, Delgatti afirmou que Bolsonaro lhe confidenciou ter obtido, por meio de “agentes estrangeiros”, uma gravação do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Delgatti disse ainda que Bolsonaro lhe teria pedido que assumisse a autoria desse suposto grampo. No entanto, a relatora do caso, desembargadora Leila Cristina Garbin Arlanch, destacou que o réu “não apresentou nenhuma prova para sustentar sua versão dos fatos”, afirmando que ele apagou as mensagens trocadas com a deputada Carla Zambelli.
A desembargadora sublinhou que as alegações de Delgatti ocorreram em uma CPMI, diante de parlamentares, funcionários públicos e com transmissão ao vivo, tornando-as amplamente acessíveis tanto no Brasil quanto no exterior. O colegiado, em sua decisão, manteve a sentença inicial e o regime semiaberto, apontando circunstâncias judiciais desfavoráveis e reincidência de Delgatti como agravantes.
Delgatti foi preso em agosto de 2023, acusado de conspirar contra o ministro Alexandre de Moraes a pedido de Zambelli. De acordo com as investigações, ele teria forjado dados no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), incluindo a criação de um falso mandado de prisão contra Moraes.