Jundiaí SP: a pobre funcionária milionária

Investigação do Ministério Público de São Paulo em Jundiaí, descobre que simples funcionária de supermercado tem o nome usado em empresa que abocanha milhões da prefeitura na gestão de Luiz Fernando Machado

Por Mino Pedrosa

Um novo escândalo político envolvendo o Programa Mais Asfalto da Prefeitura de Jundiaí (SP) pode afetar o desempenho do Partido Liberal (PL), o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, no interior paulista. A investigação, conduzida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), gira em torno de um suposto esquema de favorecimento e superfaturamento em contratos de pavimentação.

No centro da polêmica está Rafaela Pedreira da Silva, empresária que até o ano passado era funcionária de um supermercado, recebendo um salário de R$ 1,6 mil. De maneira surpreendente, Rafaela faturou R$ 51,4 milhões no primeiro semestre deste ano, com contratos de pavimentação. Ela é a proprietária da Maquim Gestão de Obras, Transportes e Logística, uma empresa que anteriormente operava sob o nome Andrade Moraes Consultoria de Informática. Após adquirir a empresa, Rafaela mudou seu ramo de atuação para obras e transportes e aumentou o capital social para R$ 700 mil.

Em um intervalo de apenas cinco meses, a Maquim venceu uma licitação municipal para a aquisição de concreto betuminoso, um dos principais insumos do Programa Mais Asfalto, executado pela gestão do prefeito Luiz Fernando Machado (PL). No entanto, o endereço registrado da empresa, que também é o local onde Rafaela mora, abriga apenas uma loja de doces, o que levanta suspeitas sobre a legitimidade da operação.

A oposição acusa Machado de favorecimento, sugerindo que o esquema tem o objetivo de beneficiar o seu candidato à sucessão, José Parimoschi, também membro do PL. Segundo os críticos, a relação entre a Maquim e o governo municipal revela indícios de corrupção e uso de uma “empresária laranja” para desviar recursos públicos.

A investigação pode trazer impactos diretos ao desempenho do PL nas próximas eleições, especialmente no interior do estado de São Paulo, onde o partido busca consolidar sua base. O escândalo envolvendo uma figura próxima à administração de Luiz Fernando Machado reforça os questionamentos sobre a gestão pública e o uso de recursos no município.

Enquanto o Ministério Público avança na apuração, o prefeito e seus aliados mantêm o silêncio sobre o caso, enquanto a oposição se organiza para pressionar por respostas e uma investigação mais ampla sobre o uso de empresas de fachada em contratos municipais. Caso as denúncias se confirmem, as repercussões podem extrapolar Jundiaí e impactar o PL em todo o estado, um dos maiores redutos eleitorais do partido.

Mino Pedrosa