Mesmo após as eleições, grupos no aplicativo continuam ativos, disseminando informações pró-governo e conteúdos de influenciadores governistas
Após o término da Operação Lava Jato, o Instituto Lula organizou discretamente um contingente de aproximadamente 100 mil militantes para a campanha eleitoral de 2022. Esses ativistas foram mobilizados para disseminar mensagens favoráveis a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e críticas ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) através do aplicativo de mensagens WhatsApp. Mesmo após a vitória de Lula, grupos no aplicativo continuam ativos, disseminando informações pró-governo e conteúdos de influenciadores governistas, além de desinformação.
A estratégia, concebida por Paulo Okamotto, ex-sindicalista e presidente do Instituto na época, contou com a orientação de estrategistas da equipe do senador americano Bernie Sanders, do Partido Democrata. O objetivo era fortalecer a presença de Lula no WhatsApp e combater fake news, inspirando-se no sucesso da comunicação bolsonarista e da extrema-direita mundial.
O “programa de voluntários” interagia com a campanha oficial, apresentando-se aos militantes como “Zap do Lula”, “Time Lula”, “Evangélicos com Lula” e “Caçadores de Fake News”. Os grupos, identificados por números como “Zap do Lula 2530” e “Zap do Lula 3500”, permitiam a troca de conteúdos pró-governo e contra opositores, além de links para postagens de influenciadores e sites alinhados com o governo, como o Plantão Brasil, conhecido por divulgar fake news pró-governo.
A operacionalização da estratégia ficou a cargo de Ana Flávia Marques, especialista em comunicação digital. Marques desempenhou um papel crucial na campanha, tendo coordenado a comunicação da campanha Lula Livre e feito parte da coordenação digital da campanha de Fernando Haddad à presidência em 2018.
O Instituto Lula foi investigado pela Operação Lava Jato por doações de empreiteiras que, segundo as denúncias, eram uma forma de lavagem de dinheiro. Embora o Instituto se declare apartidário, sua participação na mobilização de militantes durante a campanha eleitoral de 2022, utilizando o WhatsApp como uma ferramenta eficaz para difundir mensagens políticas e combater desinformação, mostra-se significativa.