Uso de PMMA é autorizado pela Anvisa apenas para casos específicos, como a correção de deformidades causadas por doenças graves
A influencer e modelo Aline Ferreira, de 33 anos, faleceu após um procedimento de preenchimento nos glúteos com polimetilmetacrilato (PMMA), substância contraindicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para esse tipo de aplicação. A biomédica responsável pelo procedimento, Grazielly da Silva Barbosa, foi presa nesta quarta-feira (3) pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO). O sepultamento de Aline ocorrerá nesta quinta-feira (4) no Gama.
Aline realizou o procedimento em 23 de junho na clínica de estética Ame-se, localizada em Goiânia e de propriedade de Grazielly. Após o procedimento, Aline retornou para Brasília, mas começou a sentir-se mal, com febre e dor abdominal. Quatro dias após a intervenção, ela desmaiou e foi levada ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Em 28 de junho, sofreu uma parada cardíaca e foi transferida para um hospital particular, mas em 30 de junho teve outra parada cardíaca e faleceu na última terça-feira devido a uma infecção generalizada.
Amigos e familiares acreditam que a infecção esteja relacionada ao uso do PMMA, uma substância que, segundo especialistas, pode provocar sérias complicações. A polícia está investigando o caso.
A operação que resultou na prisão de Grazielly foi conduzida pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) de Goiânia, em colaboração com a Vigilância Sanitária. A clínica de Grazielly foi interditada por falta de alvará sanitário e por não apresentar um profissional responsável com habilitação técnica. O Conselho Regional de Biomedicina da 3ª Região (CRBM-3) informou que Grazielly não possui registro profissional.
Aline, que tinha mais de 45 mil seguidores nas redes sociais, trabalhava como modelo e colaborava com várias marcas. Sua morte inesperada deixou familiares e amigos em choque. Aline era casada e mãe de dois filhos. Em sua página oficial, foi publicada uma mensagem de pesar lamentando profundamente sua perda.
Especialistas alertam para os perigos de procedimentos estéticos realizados por profissionais não qualificados. Fábio Alves Sobrinho, dermatologista do Hospital DF Star, enfatiza a importância de procurar médicos dermatologistas ou cirurgiões plásticos para qualquer procedimento estético. Ele ressalta que preços muito baixos podem ser um sinal de risco e recomenda verificar a qualificação dos profissionais no site do Conselho Federal de Medicina (CFM).
O uso de PMMA é autorizado pela Anvisa apenas para casos específicos, como a correção de deformidades causadas por doenças graves. A substância não é absorvida pelo corpo e pode causar inflamações, necrose e outras complicações graves.
Outros casos
Casos de deformações e mortes decorrentes de procedimentos estéticos inadequados não são inéditos. Em fevereiro, a dentista Hellen Kacia Matias da Silva foi acusada de deformar pacientes em Goiânia. Em maio, a empresária Fábia Portilho morreu após cirurgias plásticas, também em Goiânia. E em junho de 2022, Elieni Prado Vieira faleceu após uma lipoaspiração. No início de junho o empresário Henrique Chagas, de 27 anos, morreu após realizar o “peeling de feno”, em São Paulo.
Especialistas recomendam cautela e a escolha de profissionais qualificados para procedimentos estéticos. A Anvisa autoriza o uso de PMMA apenas em situações específicas e alerta para os riscos de sua aplicação inadequada.