Incêndios florestais no Distrito Federal triplicam

Devido a isso, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal mobilizou 80 militares para conter o avanço dos incêndios

O Distrito Federal (DF) está enfrentando um aumento alarmante no número de incêndios florestais neste ano. Até o início de julho, foram registrados cerca de 3,8 mil incêndios, um número quase três vezes maior do que os 1,3 mil ocorridos no mesmo período de 2023. Devido a isso, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) está mobiliza 80 militares exclusivamente dedicados ao combate aos incêndios florestais, com a possibilidade de acionar até 200, dependendo da necessidade. Além disso, os 25 quartéis espalhados pelo DF contribuem de forma não exclusiva para o esforço.

O CBMDF também ofereceu capacitação em resposta rápida a incêndios para comunidades rurais, cooperativas agrícolas e moradores da zona rural. As áreas prioritárias para o combate aos incêndios incluem o Parque Nacional de Brasília, a Estação Ecológica Águas Emendadas (Esecae), o Jardim Botânico de Brasília e a Floresta Nacional de Brasília. Outras áreas importantes são os parques ecológicos distritais, a reserva do IBGE, a fazenda Água Limpa (UnB), a Reserva Biológica da Contagem e a Área Alfa da Marinha.

A falta de chuva, que já dura 100 dias, e a baixa umidade relativa do ar são fatores críticos. O Boletim Temperatura do Ar – Junho, do Instituto Brasília Ambiental, revelou que a temperatura média ficou acima de 27ºC, superando 31ºC em regiões como Águas Emendadas, Fercal e Zoológico. A temperatura mais alta registrada foi de 31,8°C no dia 30 de junho.

A umidade relativa do ar também atingiu níveis preocupantes, com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitindo um Alerta Amarelo devido a índices abaixo de 30% em várias regiões do DF. Os menores níveis foram registrados no Paranoá (16%), Gama e Plano Piloto (17%), Brazlândia e Zoológico (18%), e Águas Emendadas e Samambaia (19%).

Recursos hídricos

O Distrito Federal, predominantemente coberto pelo bioma Cerrado, é conhecido como o berço das águas do Brasil devido à sua concentração de nascentes. No entanto, essa característica também resulta em uma baixa disponibilidade hídrica na região, uma vez que a maioria das fontes de água, como represas e cursos d’água, se forma em estados vizinhos.

Tanto as nascentes quanto o Cerrado enfrentam sérios desafios devido à negligência governamental e à exploração intensa pelo setor produtivo. O crescimento acelerado da população desde a construção de Brasília, há 60 anos, transformou o Distrito Federal em uma metrópole com quase três milhões de habitantes. No entanto, mesmo a crise hídrica que afetou a região entre 2016 e 2017 não resultou em uma mobilização significativa para a resolução do problema.

É crucial que as políticas públicas priorizem a conservação das nascentes e do Cerrado. O bioma é fundamental para a formação de nascentes que abastecem oito das doze regiões hidrográficas do Brasil. Contudo, o Cerrado é o bioma que menos conta com áreas protegidas. Nos últimos cinco anos, as áreas de conservação no Cerrado aumentaram apenas 0,7%, enquanto a Amazônia brasileira teve um crescimento de 3,7%, com mais de 4,3 milhões de hectares adicionados às unidades de conservação. A criação de novas áreas protegidas tem desacelerado drasticamente, com uma taxa de novas áreas dez vezes menor entre 2019 e 2023, quando comparada ao período de 2014 a 2018.

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