Atualmente, o sistema possui 20 trens da série 1000, com idade entre 27 e 30 anos, e 12 trens da série 2000, mais recentes
No domingo (14), o diretor-presidente da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), Handerson Cabral, convocou uma entrevista coletiva para abordar o incêndio que ocorreu no sábado (13) à noite, próximo à estação 114 Sul. O incidente envolveu um dos carros da série 1000, com cerca de 27 anos de serviço. A investigação das causas do incêndio está em andamento, com a perícia do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil e o apoio de uma comissão técnica do Metrô-DF, que vai colaborar para esclarecer os detalhes do incidente. No dia do ocorrido, após três horas de interrupção, os trens voltaram a circular na Asa Sul.
Cabral elogiou a resposta rápida das equipes operacionais e do piloto do trem, que evacuaram os passageiros e isolaram o veículo afetado conforme os protocolos de segurança. Ele também anunciou uma parceria com a fabricante dos trens para uma inspeção, para identificar as causas do incidente e reforçar a segurança do sistema.
Ao lado do Secretário de Estado de Transporte e Mobilidade do DF, Zeno Gonçalves, e outros líderes do Metrô-DF, Cabral destacou que o trem em questão estava com as manutenções preventivas em dia, sem registros recentes de falhas significativas. Ele também mencionou medidas adicionais que serão adotadas, como a interrupção imediata da circulação em situações semelhantes no futuro. No incidente de sábado, a equipe havia realizado apenas o isolamento elétrico do trem.
“Não haverá nenhum pudor em interromper a circulação, mesmo que isso cause transtorno à operação e aos usuários. A segurança do passageiro está em primeiro lugar”, disse o diretor de Operação e Manutenção, Márcio Aquino.
Cabral também atualizou sobre o processo de aquisição de novos trens, ainda em fase de aprovação no BNDES.
“São necessários cerca R$ 900 milhões para esta compra. A partir da contemplação, começa o processo interno dentro do BNDES, que deve durar uns quatro ou cinco meses. Só então é autorizado o início do processo de licitação. É um projeto que ainda vai demandar de dois a três anos, já que é uma concorrência complexa”, explicou.
Atualmente, o sistema possui 20 trens da série 1000, com idade entre 27 e 30 anos, e 12 trens da série 2000, mais recentes. Ele enfatizou que a nova frota não irá substituir a frota atual, mas sim complementá-la.
Baixo investimento
O Metrô-DF enfrenta desafios de financiamento insuficiente, o que resultou em um aumento significativo de incidentes ao longo de 2023. Entre falhas nos trens, furtos de cabos e interrupções de energia, foram registradas 55 ocorrências — uma média superior a quatro por mês, representando um aumento de 22,7% em comparação ao ano anterior. Em meio aos problemas, Cabral tem repetido o discurso que o incêndio na estação central não foi causado por falta de manutenção.
Cabral explicou que o sistema opera diariamente sob alta demanda, o que requer significativa capacidade tecnológica e energética. Ele também esclareceu que todos os custos de manutenção do metrô estão dentro do orçamento operacional. Já os valores da tabela de investimento se destinam à implementação de novos sistemas. Uma vez que o sistema já está completamente funcional, ele justificou os valores menores.
No entanto, mesmo com as afirmativas do presidente do Metrô-DF, os dados do Portal da Transparência indicam que houve uma queda significativa também nos valores destinados à manutenção e não apenas para investimento em novos sistemas. Isso porque, apesar do aumento da demanda e da inauguração de novas estações, os gastos com a manutenção do metrô têm se mantido estáveis em termos reais nos últimos 14 anos. Em 2009, o GDF investiu R$ 121,6 milhões, valor que, corrigido pelo IPCA, equivale a R$ 274,5 milhões em 2023. No entanto, o governo empenhou apenas R$ 225,9 milhões para custos de manutenção em 2023, o que representa uma queda dos investimentos.