O Iges-DF informou que o afastamento dos diretores foi decidido em uma reunião extraordinária presidida pela Secretária de Saúde do Distrito Federal, conforme o estatuto
O Conselho de Administração (Conad) do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) decidiu afastar temporariamente dois diretores após eles serem mencionados na Operação Escudeiro, deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). A operação, que visa investigar a conduta de empresários e servidores públicos no contrato de fornecimento de alimentos para as unidades de saúde geridas pelo instituto, levou à suspensão de 30 dias do vice-presidente Caio Valério Gondim Reginaldo Falcão e do diretor de Administração e Logística Antônio Carlos Garcia Martins Chaves.
Em nota oficial, o Iges-DF comunicou que o afastamento dos diretores foi decidido em reunião extraordinária, presidida pela Secretária de Saúde do Distrito Federal e em conformidade com o estatuto do IgesDF. A decisão foi tomada para permitir que ambos os diretores possam se concentrar em suas defesas enquanto os fatos são investigados.
Além disso, o instituto reafirmou o compromisso com a transparência e a legalidade, destacando que está totalmente disponível para colaborar com as autoridades nas investigações em andamento.
Operação Escudeiro
Na manhã da última quarta-feira (28), a Polícia Civil do Distrito Federal cumpriu 20 mandados de busca e apreensão em locais relacionados ao núcleo empresarial da prestadora de serviços e a servidores do Iges-DF, incluindo a sede do instituto. As diligências ocorreram não só no Distrito Federal, mas também nas capitais de Goiás e do Amapá.
As investigações, iniciadas em abril de 2023, revelaram falhas significativas na prestação dos serviços de alimentação, como falta de insumos, atrasos nas entregas e ausência de equipamentos adequados, prejudicando o plano nutricional dos pacientes e comprometendo sua recuperação. A apuração apontou ainda para possíveis favorecimentos indevidos à empresa responsável pelo serviço, que, apesar das falhas identificadas, teve o contrato renovado e os pedidos de reajuste aprovados pelo Iges-DF.
Se confirmadas as acusações, os envolvidos poderão responder por corrupção passiva, corrupção ativa, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro, crimes que podem acarretar penas de até 30 anos de prisão. A operação envolveu cerca de 100 policiais, com apoio do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), além das Polícias Civis de Amapá e Goiás. A operação recebeu o nome de Escudeiro, em homenagem ao médico dietista Pedro Escudero, pioneiro em desenvolver diretrizes para uma alimentação saudável.
Pronunciamentos do Iges-DF e da Salutar
Em nota, o Iges-DF afirmou estar ciente da Operação Escudeiro e reforçou seu compromisso em colaborar plenamente com as investigações para esclarecer todos os fatos.
A Salutar, empresa responsável pelo fornecimento de alimentos para os hospitais do DF, também se pronunciou, expressando surpresa com a operação. A empresa destacou que, cerca de um mês antes, a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) reconheceu avanços significativos na gestão do contrato em uma reunião de prestação de contas.
A Salutar também destacou os esforços contínuos para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos, incluindo investimentos em reformas, modernização de equipamentos, capacitação profissional, introdução de cardápios especiais e implementação de um sistema de qualidade em tempo real. A empresa reiterou seu compromisso com a ética e a legalidade, e informou que está cooperando integralmente para que os fatos sejam esclarecidos.