Sem economizar nas críticas, o governador sugeriu que o Planalto vê a redução do ITBI como um indicativo de que o DF não precisaria do fundo
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), voltou a criticar duramente a proposta do governo federal de revisar o cálculo do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF).
Durante a inauguração do complexo de viadutos Deputado César Lacerda, no Riacho Fundo, Ibaneis insinuou que a medida seria uma retaliação à recente decisão do Governo do Distrito Federal (GDF) de reduzir o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), ação que ele classificou como uma política liberal voltada para o incentivo ao empreendedorismo e geração de empregos.
“Inveja” e incompetência federal
Sem economizar nas críticas, o governador sugeriu que o Planalto vê a redução do ITBI como um indicativo de que o DF não precisaria dos recursos do fundo. “O que eu tenho ouvido deles é que, se estou reduzindo imposto, é porque não preciso do dinheiro. Isso é uma inveja”, disparou Ibaneis, que não poupou acusações sobre a gestão econômica federal.
“O governo federal só sabe tributar e prejudicar o trabalhador. Com a inflação que eles estão gerando, taxa de juros de 14% e dólar a caminho de R$ 7, quem paga a conta é o assalariado. Querem penalizar o FCDF e, consequentemente, a população do DF, que não vota na esquerda e não vai votar. É uma tentativa de acabar com a capital da República”, afirmou.
Segundo Ibaneis, embora o governo federal não tenha apresentado oficialmente os argumentos que sustentariam a revisão do fundo, a justificativa de bastidores seria a necessidade do DF contribuir financeiramente para sanar problemas fiscais nacionais.
O governador usou seu histórico administrativo para rebater a ideia: “Desde 2019, organizei as contas, paguei dívidas, investi em obras, contratei servidores e dei reajustes. Mesmo assim, nossas contas estão equilibradas. A redução do ITBI é um estímulo econômico, principalmente para as classes baixa e média que querem adquirir imóveis. Isso gera emprego e renda. E agora querem tirar do DF porque não sabem organizar as contas deles”, alfinetou.
“Preconceito” contra o DF
Embora tenha buscado distanciar suas declarações de ataques pessoais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou aos ministros do governo federal — lembrando que seu partido, o MDB, é da base aliada —, Ibaneis não deixou de apontar o que chamou de preconceito contra a capital.
“Algumas pessoas no governo federal não entendem que o DF é a capital do país e precisa ser preservada”, criticou.
O governador também alertou para os efeitos negativos que uma eventual redução no FCDF pode trazer à prestação de serviços essenciais, como saúde, segurança e educação. “Quando se mexe no fundo, há reflexos em todas as áreas, porque, se faltar recursos para setores vitais, teremos que tirar dinheiro de outras fontes, o que impacta todos os servidores e, consequentemente, a população. É uma luta de cada cidadão do DF”, declarou.
Ibaneis fez um apelo por união entre a classe política, o setor produtivo e os sindicatos locais para resistir à proposta de revisão. Apesar de seus apelos para “esquecer bandeiras ideológicas”.