Para despistar a fiscalização, grupo agia nos domingos e feriados
Na tarde de domingo (9), seis grileiros foram presos no Riacho Fundo, Distrito Federal, enquanto tentavam despistar a fiscalização das autoridades e ocupar ilegalmente terras públicas e áreas de proteção ambiental. A operação, realizada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), foi parte de um esforço para combater o parcelamento irregular do solo e os danos ambientais na região.
Denominada Operação Sucupira, a ação teve como foco uma área pertencente à Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap). Os grileiros estavam atuando na Colônia Agrícola Sucupira, no Riacho Fundo 1, que é uma área de proteção ambiental (APA).
De acordo com a PCDF, para evitar a fiscalização, os grileiros costumam “limpar” as terras aos domingos e feriados. Entre os detidos está o líder do grupo, embora a polícia não tenha divulgado as identidades dos envolvidos. A operação busca combater a ocupação ilegal e a degradação ambiental na região.
Outros casos
Em 15 de abril, um trator do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) foi encontrado limpando um terreno da Floresta Nacional de Brasília, em Brazlândia. A área também estava sendo desmatada para se tornar mais uma invasão. Na ocasião, a senadora Leila Barros (PDT-DF) encaminhou um ofício ao procurador-geral do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para apurar a situação irregular.
Em 22 de maio, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) realizou uma operação para desarticular uma rede de grileiros que atuava em uma área nobre do Distrito Federal, no Altiplano Leste, próximo à Ponte JK. A ação ganhou o nome de Operação Jardins Ararauna, mesmo nome do condomínio ilegal. A operação cumpriu 18 mandados de busca e apreensão contra pessoas físicas, imobiliárias e corretores de imóveis – 17 no Distrito Federal e um em Goiânia (GO).
Já em 2 de junho, a PCDF prendeu 11 pessoas sob suspeita de envolvimento em grilagem de terras na região de Sobradinho. As investigações apontaram que o grupo estava associado a uma série de delitos ambientais, além de práticas de parcelamento irregular do solo para fins urbanos, todos realizados sem a autorização dos órgãos competentes. O local foi identificado como uma área de proteção ambiental da Bacia do Rio São Bartolomeu.
Estima-se que 69 mil hectares de terras ocupadas no Distrito Federal estão em áreas de conservação ambiental, conforme o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Como agravante, nos últimos cinco anos, as áreas protegidas do bioma Cerrado aumentaram apenas 0,7%. Para se ter uma ideia, a Amazônia brasileira registrou um crescimento de 3,7% no mesmo período, o que corresponde a mais de 4,3 milhões de hectares transformados em unidades de conservação. Para piorar, a cada ano, o processo de criação de unidades de conservação é ainda mais desacelerado. Entre 2019 e 2023, houve dez vezes menos novas áreas protegidas do que entre 2014 e 2018.