Especialistas apontam que o reajuste para R$ 2.414,40 ainda mantém boa parte da classe média baixa dentro do grupo tributado
O governo federal anunciou que enviará ao Congresso uma proposta de alteração na faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), aumentando o limite para R$ 2.414,40 por mês em 2025, um pequeno avanço em relação aos atuais R$ 2.259,20.
Sem esse ajuste, trabalhadores que recebem menos de dois salários mínimos poderiam ser taxados no próximo ano devido ao aumento anual do piso nacional, que deve alcançar R$ 1.509, segundo a proposta orçamentária de 2025.
A medida visa evitar que brasileiros com rendimentos modestos passem a pagar o imposto, mas enfrenta críticas por sua insuficiência.
Apenas em 2026, último ano do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a faixa de isenção subiria para os prometidos R$ 5 mil mensais — um compromisso amplamente divulgado durante a campanha eleitoral, mas que parece cada vez mais dependente de condições fiscais futuras e negociações políticas.
Ajustes tímidos e impacto limitado
Com o aumento proposto, rendimentos de até R$ 3.018 seriam isentos de IR, considerando o desconto simplificado de 25% aplicado sobre a primeira faixa da tabela progressiva mensal. O impacto fiscal dessa mudança é estimado em R$ 4,52 bilhões para 2025, valor que, embora relevante, contrasta com a abrangência limitada da medida.
Especialistas apontam que o reajuste para R$ 2.414,40 ainda mantém boa parte da classe média baixa dentro do grupo tributado. Além disso, a promessa de alcançar R$ 5 mil de isenção foi adiada para 2026, gerando frustração entre trabalhadores que esperavam alívio fiscal mais imediato.
Reforma polêmica: compensação por tributação de dividendos
O governo propõe financiar a ampliação da isenção por meio da tributação de lucros e dividendos superiores a R$ 50 mil mensais, com uma alíquota de 7,5% e retenção na fonte. Embora a medida seja defendida como um passo em direção à justiça fiscal, sua implementação enfrenta desafios políticos e técnicos.
A tributação de dividendos está prevista para começar em 2025, mas, devido à complexidade do tema e à necessidade de aprovação no Congresso, é provável que fique para 2026. Esse atraso reforça a percepção de que a proposta depende mais de cálculos eleitorais do que de um compromisso com a reforma tributária estrutural.