Orientação dada ao Itamaraty é de dar apoio logístico limitado; por outro lado, na economia, acordos bilaterais são firmados
O presidente da Argentina, Javier Milei, chega neste sábado (6) ao Brasil para participar do congresso da Conservative Political Action Conference (CPAC), em Balneário Camboriú (SC). A embaixada argentina em Brasília confirmou ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) que Milei viria.
O evento contará com a presença de figuras públicas ligadas à extrema direita brasileira, entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle. No governo brasileiro, a vinda de Milei é tratada como uma visita não oficial. Nesses casos, os representantes internacionalistas do governo são orientados a seguir um protocolo menos rígido e menos hospitaleiro com o visitante.
O Itamaraty informou que dará apoio logístico limitado ao presidente argentino ao desembarcar em Florianópolis, com foco apenas no desembaraço alfandegário e na conferência dos passaportes oficiais. A Força Aérea Brasileira já foi notificada sobre a chegada do avião do governo argentino.
Na embaixada da Argentina, a orientação é de não fazer declarações oficiais sobre a agenda de Milei em Balneário Camboriú. No entanto, a presença do presidente argentino em solo brasileiro será monitorada pelo MRE e pelo Palácio do Planalto para eventuais repercussões.
A estratégia de minimizar a importância da visita também é compartilhada pela diplomacia em Buenos Aires e em Brasília, a fim de evitar impactos negativos nas relações bilaterais, especialmente se houver declarações controversas por parte do argentino.
A recomendação é evitar qualquer controvérsia. Incidentes anteriores envolvendo Milei em viagens não oficiais, como o ocorrido na Espanha em maio, quando ofendeu a esposa do presidente Pedro Sánchez durante um encontro do Vox, e a visita aos Estados Unidos, onde se encontrou com Trump e ignorou Biden, reforçam a cautela do governo brasileiro. No entanto, a postura do representante argentino é vista por muitos como antidemocrática.
Mesmo com as ações de Milei, o MRE tem feito esforços para manter a diplomacia. Nessa quinta-feira (4), o ministério finalizou um acordo com a Argentina para renovar a concessão da Mercovía, responsável pela Ponte Internacional São Borja-Santo Tomé (RS), crucial para o comércio bilateral entre os países.