Para equilibrar as contas, a equipe econômica propõe a criação de um imposto mínimo de 10% para quem recebe mais de R$ 50 mil por mês
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, anunciou nesta quinta-feira (13) que o governo pretende apresentar na próxima semana a proposta de isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil. O anúncio acontece em meio a um cenário de dificuldades fiscais e resistência do Congresso a novos tributos.
O projeto, que ainda está sendo finalizado pelo Ministério da Fazenda, busca cumprir uma promessa de campanha do presidente Lula feita em 2022. A medida, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), pode beneficiar até 20 milhões de brasileiros.
Porém, a questão central não é a isenção em si – que conta com amplo apoio popular –, mas sim a forma como o governo pretende compensar a perda de arrecadação.
Para equilibrar as contas, a equipe econômica propõe a criação de um imposto mínimo de 10% para quem recebe mais de R$ 50 mil por mês. A ideia deve encontrar forte resistência no Congresso, que já sinalizou oposição a novos aumentos de impostos.
Execução
Além do IR, Hoffmann listou outras medidas econômicas que o governo pretende priorizar, como a limitação dos supersalários no setor público e a reforma da Previdência dos militares. Entretanto, essas pautas já tramitam no Congresso há anos e enfrentam resistência até mesmo dentro da base governista.
Em um discurso otimista, a ministra defendeu o desempenho econômico do governo, afirmando que houve um “ajuste relevante” nas contas públicas em 2024, apesar do déficit.
A realidade, no entanto, é que a política fiscal da atual gestão continua cercada de incertezas, com dificuldade em encontrar espaço para novas despesas e resistências à elevação da carga tributária.
Cortes no Bolsa Família
Outro ponto polêmico abordado pela ministra foi o suposto corte de R$ 7,7 bilhões no orçamento do Bolsa Família, revelado em um ofício enviado pelo governo ao Congresso.
O documento indicava que os recursos seriam redistribuídos para acomodar outros programas sociais, como o Vale-Gás e o Pé-de-Meia.
Gleisi negou que o Bolsa Família sofrerá cortes, alegando que se trata apenas de um ajuste técnico.