País enfrenta o pior período de queimadas da última década e a preocupação é se o período crítico vai se estender além do previsto
A Amazônia está enfrentando uma das piores temporadas de queimadas dos últimos 17 anos. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a floresta registrou 59 mil focos de incêndio desde o início de janeiro, o maior número desde 2008. A situação é agravada pela seca severa que afeta mais de mil cidades brasileiras, com a fumaça já impactando 10 estados e se espalhando por todo o país, do Sul ao Norte.
A fumaça das queimadas está formando um “corredor de fumaça” que se estende desde a Amazônia, passando pelo Pantanal e pelo Parque Guajará-Mirim, em Rondônia, e chegando até a Bolívia. A nuvem de fumaça está percorre milhares de quilômetros e deve continuar a afetar o território brasileiro até o fim de semana, com a previsão de piora a partir desta quarta-feira (21), devido a uma frente fria que intensificará o vento.
Quase o dobro de incêndios
Em agosto, o Inpe registrou mais de 22 mil focos de incêndio na Amazônia Legal, um aumento significativo em comparação com os 12 mil registrados no mesmo mês do ano passado. A seca é a principal causa dessa intensificação, que é uma consequência do El Niño e do aquecimento global, resultando em menos umidade e chuvas no país. Meteorologistas explicam que a seca, que geralmente ocorre de agosto a outubro, chegou mais cedo este ano, começando em julho.
Além da seca, a situação é exacerbada por queimadas ilegais e a persistência de áreas desmatadas. Embora o desmatamento tenha diminuído 45% entre agosto de 2023 e julho de 2024, o menor índice desde o início da série histórica em 2015, as áreas já desmatadas continuam a ser incendiadas. Pesquisadores do Inpe apontam que, apesar da redução no desmatamento, as áreas anteriormente desmatadas ainda são utilizadas para pastagem e são propensas a incêndios. De acordo com a entidade, a Amazônia tem mais de 800 mil quilômetros quadrados de áreas desmatadas, muitas das quais continuam sendo afetadas pelo fogo utilizado para manejo do pasto.
O cenário atual destaca a necessidade de um monitoramento contínuo das áreas desmatadas, além de ações efetivas para conter as queimadas e mitigar os impactos ambientais e de saúde pública causados pela fumaça. O país enfrenta o pior período de queimadas da última década e a preocupação é se o período crítico vai se estender além do previsto.