Principal destino dos recursos é Patos (PB), cidade administrada pelo pai do deputado, enquanto outras cidades de perfil similar recebem menos recursos
O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), que concorre à presidência da Câmara na sucessão de Arthur Lira (PP-AL) e segue como um dos favoritos, tem direcionado uma quantidade significativa de emendas parlamentares a municípios administrados por seu pai e aliados políticos. Motta foi apresentado ao governo federal como candidato do Centrão — conjunto de partidos que se organizam para compor uma aliança informal — à presidência da Câmara.
Embora a Paraíba conte com 223 municípios, Patos, onde Nabor Wanderley (Republicanos), pai do deputado, é prefeito, foi o principal destinatário das emendas de Motta nos últimos quatro anos. Desde 2021, a cidade recebeu R$ 9,6 milhões em emendas individuais, com R$ 4,8 milhões sendo transferidos através das chamadas emendas Pix, que garantem uma liberação rápida dos recursos.
Aliados
O valor é superior ao dobro do montante destinado a Santa Rita, a segunda cidade mais contemplada, que recebeu R$ 3,9 milhões no mesmo período. A prefeita de Santa Rita, Aline Freitas (PSB), é uma aliada do deputado, o que reforça a relação entre Motta com os gestores locais que são beneficiados pelas emendas. Entre as 20 cidades que mais receberam emendas do deputado, 17 são governadas pelo Republicanos, enquanto as demais são administradas por aliados do PSB e do Solidariedade. Hugo Motta foi contatado para explicar os critérios usados na destinação das emendas, mas não respondeu até o momento. O espaço continua disponível para sua manifestação.
Vale ressaltar que, devido à falta de transparência, as emendas de relator, de bancada ou de comissões não foram incluídas, o que inclusive tem sido pautado por órgãos do judiciário em debates com representantes do Legislativo.
Patos, o quarto município mais populoso da Paraíba, está sob a administração da família de Hugo Motta há quase 30 anos. Em contraste, outras cidades com características similares, como Bayeux, receberam menos atenção. Bayeux, por exemplo, com uma população comparável a Patos, recebeu apenas R$ 400 mil de Motta.